Dinheiro para habitação infla resultados do PAC
Obras do PAC concluídas em 2011 correspondem a 18% de tudo o que está previsto até 2014; governo quer ampliar investimentos das estatais
08 de março de 2012 - Com apenas 10% de recursos do Orçamento da União, o governo comemorou ontem os resultados do primeiro ano da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A cerimônia foi marcada, principalmente, por promessas de que 2012 será um ano diferente para o investimento, que ficou aquém do esperado no ano anterior, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele cobrou resultados melhores de estatais e dos próprios colegas.
As obras efetivamente concluídas no ano passado somaram R$ 127 bilhões, o que corresponde a 18% de tudo o que está previsto para ser feito até 2014, ano de encerramento dessa fase do PAC. Somadas as obras em andamento, o gasto sobe para R$ 204 bilhões. Quase 37% desse valor, no entanto, se referem a financiamentos para habitação.
O próprio setor privado investiu quase o dobro dos recursos que saíram do Orçamento. As estatais aplicaram o triplo do desembolsado pela União, principalmente a Petrobrás, que ainda foi convocada publicamente por Mantega, presidente do conselho da empresa, a investir mais.
O ministro da Fazenda disse ontem à presidente da estatal, Maria das Graças Foster, que não faltarão recursos para a empresa, que deve investir mais de US$ 50 bilhões em 2012 (25% a mais que em 2011), e que vai pressionar a diretoria da empresa para alcançar esse objetivo.
No mesmo evento, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou que já cobrou também as empresas federais do setor elétrico no ano passado e que há orientação para que representantes do governo em conselhos de estatais exijam a execução de projetos previstos. "Chamei as estatais de energia para dizer: E aí? Estou vendo a sua execução (de investimentos)."
O ministro da Fazenda disse que pode liberar mais dinheiro que o previsto e ainda assim cumprir a meta de economia do setor público deste ano. Por isso, cobrou também os outros colegas de ministério. "Não faltarão recursos. Os ministérios estão sendo provocados para realizar os seus programas de investimento", disse aos colegas e representantes de outras 13 pastas.
Calibragem. Para os ministros, os investimentos foram determinantes em 2011 para a maior resistência da economia brasileira diante da crise externa. Por isso, para alcançar a meta de crescer 4,5% neste ano, como deseja a presidente Dilma Rousseff, depois de um avanço de apenas 2,7% em 2011, o governo admite que terá de contar com recursos de dentro e de fora do PAC. Não só do setor público, mas também do privado.
Também será necessário tomar medidas "a todo momento, a toda semana, para calibrar a economia", segundo Mantega. "Posso dizer que vamos ter medidas todos os meses para estimular a economia."
O ministro cobrou também dos bancos públicos que aumentem o crédito e reduzam os juros. Disse que essas instituições terão um papel mais atuante em 2012 e citou como exemplo os recursos que serão liberados pela Caixa para habitação e pelo BNDES, para empresas.
Fonte: O Estado de São Paulo