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Emprego na construção civil aumenta em Manaus e diminui em Belo Horizonte

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Elevação da ocupação em Manaus foi generalizada entre os setores

20 de fevereiro de 2014 - Em 2013, Belo Horizonte deixou de ser o terceiro município maior gerador de empregos formais no Brasil no ranking do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Mais que isso, registrou demissões líquidas e foi parar entres os últimos lugares na lista que inclui mais de 5 mil localidades. A capital mineira foi substituída por Manaus, que abriu 22,8 mil vagas no ano passado, três vezes mais vagas do que em 2012.

O campeão de demissões, Porto Velho, registrou 8 mil cortes - o pior desempenho na série, com início em 2002. São Paulo e Rio mantiveram o primeiro e segundo lugares no ranking (que tem ajuste sazonal) e os dez maiores geradores de emprego passaram a responder por um quarto do total de postos celetistas criados no Brasil, fatia menor do que nos dez anos anteriores.

A elevação da ocupação em Manaus foi generalizada entre os setores. Foram 22,8 mil novas vagas, 8,9 mil só na indústria de transformação. No ano anterior, o Estado criou três vezes menos postos (7,8 mil) e ocupou o 21º lugar no ranking. De acordo com Dermilson Chagas, superintendente regional do Trabalho e Emprego do Estado do Amazonas, a principal contribuição para o desempenho da indústria veio da área de eletroeletrônicos do polo industrial de Manaus.

O segmento de duas rodas, afirma Chagas, continua passando por má fase, já que as vendas de motos no país desaceleraram em 2013, devido principalmente ao nível mais alto de endividamento da população e da maior restrição de crédito. As fabricantes de televisores, aparelhos de ar-condicionado e celulares, por outro lado, relatam uma demanda interna aquecida. A expectativa para este ano é que o segmento continue contratando, especialmente quando a Microsoft, que comprou as operações de celulares e smartphones da Nokia no ano passado, assumir a produção da unidade que a empresa finlandesa mantém na região.

A construção civil adicionou outros 4,9 mil postos ao saldo de Manaus, estimulada, por sua vez, pela demanda por habitação e pelo programa Minha Casa, Minha Vida. As mudanças aprovadas em janeiro no plano diretor da cidade, como a elevação do limite de altura dos prédios de 18 para 25 andares, devem aquecer o mercado neste ano, diz Chagas. O comércio adicionou 4,4 mil empregos com carteira assinada em 2013, graças ao ganho de renda das famílias.

O consumo na região é bastante sensível aos programas de transferência de renda do governo, do Bolsa Família à aposentadoria. As novas vitrines da cidade são uma mostra do aumento do apetite dos consumidores. Marcas como Zara, Bobô, Osklen e Água de Coco abriram as primeiras lojas e dois novos shoppings entraram em operação - o Ponta Negra e o Cidade Leste. Outros três são previstos para este ano.

O setor de serviços abriu outras 4,8 mil vagas, com a propagação de faculdades particulares, atraídas por iniciativas federais como Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e por ações municipais, como o Bolsa Universidade, que concede descontos de 50% e 75% nas mensalidades sem necessidade de contrapartida financeira dos estudantes, mas com a participação em projetos implementados pela prefeitura.

Na contramão de Manaus, o município de Belo Horizonte foi duramente afetado pelas 3 mil demissões líquidas da construção civil e fechou o ano com 843 vagas a menos - em 2012 foram abertos 38,5 mil postos com carteira assinada. O município caiu do 3º para o 5.618º lugar entre 5.652 municípios. A indústria de transformação perdeu 502 postos, e a extrativa mineral, 272.

O secretário de Desenvolvimento do município, Custódio Mattos, diz que o dado acendeu um "sinal amarelo" e que a prefeitura irá observar o comportamento do emprego na região neste ano para determinar se esse foi um fenômeno pontual. Entre as possíveis causas, o secretário cita o comportamento do mercado imobiliário em Belo Horizonte, com "muitas entregas e poucos lançamentos". Segundo ele, há também um problema crônico de falta de terrenos na capital mineira, fato confirmado pelo vice-presidente de política, relações trabalhistas e recursos humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-MG), Walter Bernardes de Castro.

Na avaliação de Castro, a redução do emprego no ano passado foi uma "acomodação" e reflete o fim dos anos de "euforia" do segmento imobiliário na região. Mattos acredita, porém, que a desaceleração do setor deve ser compensada em 2014 pelas obras de expansão e de implantação de nova linha do metrô e pelo início da construção de 6 mil unidades do programa Minha Casa, Minha Vida.

O quadro de emprego em Belo Horizonte muda um pouco quando se leva em conta toda a região metropolitana. O saldo de vagas mostrado pelo Caged é positivo em 6,5 mil vagas, graças ao comércio e aos serviços, que criaram cerca de 7 mil novos empregos cada um. O desempenho da construção civil, contudo, é ainda pior, com 5,5 mil demissões líquidas.

Foi também o desempenho do setor que influenciou o resultado em Porto Velho, que teve o pior desempenho entre todos os municípios e cortou 8,1 mil postos de trabalho. Os projetos das usinas de Jirau e Santo Antônio, que se encaminham para a fase final, são apontados como responsáveis pelos 8,3 mil cortes feitos pela construção. De acordo com Adenilton Borges, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Porto Velho, entre 2010 e 2011 as obras chegaram a empregar 40 mil pessoas. Hoje, são cerca de 20 mil.

As demissões já eram previstas pelo sindicato, que afirma que os trabalhadores desligados muitas vezes voltam para os locais de onde vieram, já que o contrato de trabalho prevê que a concessionária pague a passagem de ônibus de volta no ato da dispensa. "Muita gente tem ido também trabalhar em Belo Monte", diz Borges. O município de Altamira, no Pará, onde a usina está sendo construída, foi o nono maior criador de empregos no Brasil em 2013, com 15 mil vagas, 14 mil apenas na construção.

Guarulhos, que nos últimos dez anos esteve sempre entre os 20 maiores geradores de emprego do país, chegou em 2013 ao 7º lugar. O setor de serviços respondeu por 11,2 mil das 16,8 mil vagas abertas no período. O secretário de Trabalho do município, Rabih Khalil, afirma que há alguns anos o segmento de logística tem puxado as contratações. "Guarulhos está à beira da via Dutra, no caminho entre São Paulo e Rio." No ano passado, o emprego foi estimulado pela conclusão das obras do novo terminal do aeroporto de Guarulhos e pela chegada de novas empresas à região.

Além de São Paulo e Rio, que encabeçam a lista - com 83,6 mil e 48,9 mil postos de trabalho respectivamente -, também estão entre os dez maiores geradores de emprego Fortaleza, Brasília, Goiânia, Salvador e Porto Alegre.

Fonte: Valor Econômico

 

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