Empreiteiras do país voltam a crescer acima do PIB
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Em sete anos, receita das 25 maiores construtoras do país saltou de 0,57% para 1,24% do PIB
23 de agosto de 2013 - Apesar da derrocada da construtora Delta e da interrupção nas licitações de obras rodoviárias no país, o setor de construção civil voltou a crescer em ritmo mais acelerado do que o Produto Interno Bruto (PIB), no ano passado, retomando uma tendência que tem sido percebida ao longo dos dez anos de governo do Partido dos Trabalhadores (PT), principalmente depois do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ranking anual da revista “O Empreiteiro”, divulgado na semana passada, mostra que em 2012 as 25 maiores empreiteiras tiveram receita bruta equivalente a 1,24% do PIB. Em 2005, a participação era de 0,57% e, em 2011, de 1,21%. A construção civil mais do que dobrou em importância no PIB desde 2005, período em que a participação da indústria de transformação caiu praticamente à metade, na mesma comparação. As cinco maiores empreiteiras respondem por metade da receita das 25 grandes.
O ranking das cinco primeiras permaneceu inalterado pelo quinto ano consecutivo, nessa ordem: Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS. A Delta, que chegou a figurar entre as cinco maiores no passado e faturou R$ 3 bilhões em 2011, ficando na sexta colocação naquele ano, desapareceu do ranking no ano passado.
Entre as 25 maiores construtoras, o faturamento avançou 2,89%, chegando a R$ 75 bilhões, revertendo o movimento de queda percebido em 2011, que interrompeu um ciclo de alta de seis anos. Entre as maiores, houve grande avanço das empresas de construção imobiliária, como a Racional e a Via Engenharia, que ganharam dez e doze posições, respectivamente, em relação ao ano anterior.
— Houve crescimento forte na construção pesada, com toda a parte das arenas e as obras aceleradas também na área de hidrelétricas — avaliou Rodolpho Tourinho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon).
Foco em logística
Segundo uma fonte do setor da construção, porém, apesar da retomada no crescimento do segmento, as margens de lucro das empresas em obras públicas ficaram menores no ano passado, com mais restrições orçamentárias dos governos e adoção de medidas como o Regime Diferenciado de Contratação (RDC), que torna as concorrências mais agressivas. Por isso, cresceu também o volume de obras abandonadas por construtoras.
Nesse cenário, as grandes empreiteiras têm depositado cada vez mais suas atenções e expectativas de retorno nos novos projetos de concessão em desenvolvimento no governo federal, principalmente no setor de logística.
— O grande projeto de continuação de tudo isso é o das concessões rodoviárias, ferroviárias, de aeroportos e portos, eu tenho certeza que você vai ter aí um crescimento (do setor) — disse Tourinho. — O governo tem gasto muito pouco em construção, por isso o país depende da iniciativa privada. Parte do país não cresce por falta de investimentos no setor de logística.
O governo federal tem depositado nas grandes empreiteiras a expectativa de que elas liderem grupos privados nesses investimentos em infraestrutura, necessários para destravar o crescimento do país. Nos últimos anos, as grandes construtoras têm se voltado, por exemplo, a oferecer serviços em novos setores, além de concessões, como defesa, tecnologia, portos e saneamento básico.
Novos marcos regulatórios têm trazido incentivo para a participação de construtoras ou de empresas com grande fôlego financeiro em licitações. No caso de defesa, por exemplo, o governo criou a figura da empresa especializada, que pode participar das principais concorrências. No caso dos portos, a polêmica Medida Provisória aprovada no Congresso acabou sancionada com incentivos para empresas com boa capacidade financeira e experiência no setor, o que favorece grupos construtores já consolidados. Para a segunda rodada de concessões de aeroportos, uma fonte do governo reconhece que tem sido esperada a participação de grandes grupos empresariais nacionais nos consórcios.
Fonte: O Globo