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Empreiteiras reforçam suas divisões imobiliárias

Texto: Redação AECweb

Empresas estão com apetite em relação ao plano habitacional do setor

25 de maio de 2009 - Tradicionais na construção de obras públicas, as empreiteiras estão dispostas a aumentar sua participação no setor imobiliário.

Depois de mais de quinze anos, a OAS está retomando a construção de imóveis residenciais e comerciais e a Odebrecht batizou com novo nome e logomarca a sua empresa de empreendimentos, agora Odebrecht Realizações, que planeja entrar em novos mercados, como comerciais de grande porte e até imóveis industriais. As duas pretendem dobrar o faturamento este ano.

São negócios ainda muito pequenos perto das holdings, mas em ambos os casos há um claro interesse dos acionistas em ativar os negócios, que ganharam vida própria em empresas separadas, com construtoras independentes.

O objetivo dessas companhias é emprestar o nome da empresa-mãe e a popularidade das obras públicas para alavancar o negócio junto aos compradores de imóveis. De origem baiana, não por acaso, as duas empresas começaram a testar sua atuação no mercado de Salvador.

O apetite dessas empresas em relação ao plano habitacional do governo não foge à regra do setor. OAS e, especialmente, Odebrecht, com a marca Bairro Novo, pretendem focar na baixa renda. Mas irão enfrentar a concorrência de companhias que já atuam há anos no setor e que tem forte parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF), um diferencial importante para aproveitar os benefícios do pacote.

Entre as empreiteiras, no entanto, quem primeiro avançou nessa área e, inclusive, aderiu ao movimento de abertura de capital foi a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), que abriu capital em janeiro de 2007. No ano passado, a empresa teve uma receita líquida de R$ 579,3 milhões, 159% acima de 2007 e vendas contratadas de R$ 1,1 bilhão. No ano passado, a CCDI comprou a HM Engenharia, que atua na baixa renda.

A OAS Empreendimentos, que teve uma atuação importante nos anos 80 e início dos 90, está retomando suas atividades. Depois de dois anos e meio atuando apenas em Salvador, em parceria com a Gafisa, a empresa montou operação em Brasília e São Paulo e começa a fazer prospecções em Porto Alegre.

Em São Paulo, cujo último grande projeto foi o World Trade Center, a OAS pretende lançar quatro empreendimentos na cidade até o fim do ano: três residenciais e um comercial. "Vamos lançar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões este ano", afirma Luigi Petti, diretor de desenvolvimento da OAS Empreendimentos.

Um dos focos da companhia é o segmento econômico, mas com uma faixa de produto acima da chamada baixa renda. A OAS vai atuar em empreendimentos entre R$ 100 mil e R$ 200 mil - os benefícios do programa "Minha Casa, Minha Vida" vão até R$ 130 mil, mas os maiores subsídios estão voltados ao público de três a cinco salários mínimos, cujo preço dos imóveis oscila entre R$ 55 mil e R$ 80 mil. Há cerca de um mês, assinou protocolo de intenções no valor de R$ 1 bilhão com a CEF, mas há vários trâmites burocráticos até que os financiamentos sejam aprovados.

Todos os lançamentos da OAS em São Paulo previstos para este ano são em regiões populares: Rio Pequeno, Vila Brasilândia e Guarapiranga. Na área comercial, a OAS Empreendimentos pretende, segundo o executivo, atuar em imóveis comerciais pequenos, com salas de 30 m2 a 50 m2. "Não queremos concorrer com as lajes corporativas. Achamos que faltam escritórios menores em bairros", diz Petti. O edifício comercial que a OAS pretende lançar este ano fica no Alto da Lapa.

No ano passado, a OAS Empreendimentos faturou R$ 130 milhões e a previsão é chegar a R$ 310 milhões este ano, com o lançamento de 792 unidades. "Não temos a pressão de lançar só para mostrar ao mercado, vamos trabalhar no ritmo que acharmos certo", diz o executivo.

Já a Odebrecht tinha projetos pontuais no mercado imobiliário até que em 2004 criou um departamento e em 2007 decidiu cindir a área em uma nova empresa.

Como sua concorrente, a empreiteira tem uma construtora que atua nos projetos residenciais e comerciais. "Construir um prédio e uma estrada é completamente diferente", diz Paul Altit, presidente da Odebrecht Realizações. No ano passado, a subsidiária faturou R$ 350 milhões. A previsão é atingir R$ 600 milhões este ano. "Para 2010, vamos dobrar de tamanho", diz Altit.

Embora sejam empresas separadas, a Odebrecht tem feito uma interface entre as obras públicas e imobiliárias. Está concluindo uma ponte para garantir acesso ao seu maior projeto imobiliário, que fica a 16 quilômetros de Recife e deve levar quinze anos para ser desenvolvido, com um potencial de vendas de R$ 1 bilhão. "Temos tradição em concessões e queremos aproveitar isso na área imobiliária", diz Altit. Em Brasília, a Bairro Novo participou de uma licitação e fez uma parceria público-privada para a construção de oito mil unidades - já dentro do programa habitacional - para incorporação, construção e manutenção da infraestrutura.

Com vários projetos de alto padrão no portfólio, como o prédio mais luxuoso de Salvador, onde mora a cantora Ivete Sangalo, a Odebrecht pretende aumentar a participação da baixa renda, onde as vendas estão mais aquecidas. Segundo Altit, este ano o segmento de média e alta renda ainda deve representar 70% do negócio. Mas a partir de 2010, a marca Bairro Novo deve subir sua participação de 30% para 50%. "A meta é atingir 50 mil unidades até 2011, se o programa do governo for ágil."

A Bairro Novo era uma joint venture com a Gafisa, mas, depois da compra da Tenda, as empresas decidiram se separar. A Gafisa ficou com o empreendimento de Cotia, o primeiro entregue, e a Odebrecht, com a marca e os demais projetos - Camaçari, Porto Velho Salvador, Fortaleza e Porto Alegre.

De acordo com o executivo, a Odebrecht também entrará no que chama de mercado corporativo. "Vamos aproveitar o elo que temos com grandes empresas", diz. Ela planeja atuar na incorporação e construção de prédios comerciais, centros logísticos e fábricas.

Fonte: Valor Econômico – SP

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