Empresas da construção civil têm se expandido nos últimos anos
Levantamento sobre empresas do setor imobiliário aponta que o impacto da crise financeira internacional foi rapidamente superado
22 de abril de 2010 - A expansão das empresas do setor imobiliário, por meio de fusões e aquisições ou da captação de recursos para investimento, tem se acentuado nos últimos anos, em um contexto no qual se destacam novos segmentos de negócios - em especial aqueles voltados para a população de baixa renda -, e novos modelos de empreendimentos, incluindo os novos conceitos arquitetônicos e as habitações sustentáveis.
Esta é uma das conclusões de um levantamento sobre as empresas do setor imobiliário, realizado pela Dextron Management Consulting. "O estudo teve como objetivo traçar uma radiografia das empresas que atuam no segmento de incorporação e construção civil e, assim, contribuir para a definição de posicionamento estratégico e dos investimentos", explica Maurício Miceli Kerbauy, consultor da Dextron.
O levantamento mostra que o impacto da crise financeira internacional foi expressivo, mas rapidamente superado. Em 2006, apenas uma empresa do setor, a Cyrela, faturava mais de R$ 1 bilhão. Em 2008, mais quatro empresas entraram nessa lista e, em 2009, ela já contava com Gafisa, PDG Realty, Brookfield, MRV, Agre, Rossi e Even, além da Cyrela. "Resultado desse crescimento, o faturamento total das empresas de capital aberto do setor, que era de R$ 4 bilhões em 2006, deu um salto para R$ 20 bilhões em 2009", destaca Kerbauy.
Essas companhias, juntamente com Rodobens, Company, Klabin Segall e Brascan, também lideraram alguns dos maiores IPOs do País, captando um total de R$ 15 bilhões entre 2006 e 2009 com a abertura de capital. A esses recursos, adicionaram-se outros R$ 14 bilhões captados com emissões de novas ações e lançamento de debêntures.
Com mais capital para investir, elas ampliaram fortemente seu nível de endividamento, hoje no patamar médio superior a 40% entre as principais empresas do setor, e com tendência a se elevar - algumas já estão próximas de 70% de endividamento, na relação com o patrimônio líquido. "O endividamento total do setor cresceu de R$ 4,7 bilhões, em 2007, para 17 bilhões em 2009", acrescenta o consultor da Dextron.
Apesar do crescimento observado, o valor de mercado das empresas caiu de R$ 48,1 bilhões, em 2007, para R$ 41,5 bilhões, em 2009. Isso se explica em grande parte pela crise econômica mundial, que resultou na desvalorização das ações em meados de 2008. Entretanto, devido à injeção de capital recebida pelo setor, o valor total das empresas aumentou em quase 10% no mesmo período.
"Empresas com foco em habitações populares, como a MRV e a PDG Realty, tiveram, em contrapartida, um aumento do valor de mercado, já que têm se beneficiado do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. Porém, este é um segmento de grandes volumes e margens mais apertadas, o que exige uma forma de atuação para a qual muitas empresas não estão preparadas. Tanto é que diversas companhias vêm enfrentando dificuldades e algumas já desistiram de atuar nesse nicho", salienta Kerbauy.
Fonte: Executivos Financeiros - SP