Empresas importam profissionais no Ceará
Para realizar obras em menos tempo, empresas estão trazendo profissionais de outros estados. Os salários chegam a custar em média R$ 3,5 mil. Falta de processos industrializados no Estado é uma das causas
17 de janeiro de 2011 - A construção civil está em fase de transição. Mesmo ainda sendo predominantemente manufatureira, caminha para utilizar processos cada vez mais industrializados. É por essa razão que as empresas investem na capacitação de pessoal, através da parceria com universidades e centros de formação, como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), e na industrialização dos processos com equipamentos, máquinas e tecnologias que diminuem o uso intensivo da mão de obra, aceleram as construções e reduzem os custos em até 40%.
"Quanto mais alto o padrão da construção, menor é a utilização da mão de obra", explica o vice-presidente do Sinduscon-CE, Fernando Pinto, observando que a obra do Centro de Eventos, na avenida Washigton Soares, é um exemplo, além de outras edificações em Fortaleza.
Outro exemplo é o da construção do residencial José Lino da Silveira, considerado o maior do Brasil, com 2.900 unidades, em Caucaia, que vai utilizar alvenaria estrutural. Manuel Cesário Mendes, diretor presidente da Interpar/Urban, empresa que vai executar o projeto, diz que trata-se de uma tecnologia utilizada por muitas construtoras em apartamentos de luxo que, pela primeira vez, vai ser usada numa obra popular do Minha Casa, Minha Vida.
Importando mão de obra
A empresa, que foi uma das primeiras a absorver mulheres que receberam formação de pedreiras numa de suas obras, está investindo cerca de R$ 2 milhões pelo período de seis meses. Grande parte desse valor será pago aos 80 profissionais que está trazendo de São Paulo. O empresário afirma que cada um vai ganhar, em média, R$ 3,5 mil/mês por conta da produção. "Esse valor não é alto porque eles produzem muito e se fosse pagar os profissionais daqui teria que contratar 200 pedreiros para fazer o que os 80 fazem", comenta, ressaltando que os homens produzem o equivalente ao triplo do que um pedreiro local faz.
Ele informa que no Ceará a média de construção de parede é de 12 metros quadrados/dia enquanto em São Paulo é de 35 m²/dia. Muitos desses especialistas são cearenses que migraram para o Sudeste e que agora têm até a oportunidade de ficar por aqui. Enquanto isso não ocorre, a empresa vai pagar o aluguel das casas onde eles vão morar, além das refeições e uma passagem aérea por mês para visitar as famílias em São Paulo.
De acordo com o diretor presidente da Interpar/Urban, quase 100% das construções paulistas utilizam a alvenaria estrutural. "Daqui a mais ou menos dois anos o mercado todo vai usar esse processo", comenta ressaltando que ela é mais cara por conta do material.
Entenda a notícia
O Brasil não tem conseguido atender à demanda do setor e corre para formar trabalhadores que vão atuar na construção da infraestrutura de grandes eventos. A estratégia tomada vem sendo de formação no local de trabalho e importação de mão de obra.
Fonte: O Povo - CE