Empresas investem em salas comerciais para suprir demanda
Dados são do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi-Rio)
24 de janeiro de 2012 - O mercado para imóveis comerciais no País está aquecido e chamando a atenção até mesmo de investidores internacionais. Segundo levantamento divulgado pela Associação de Investidores Estrangeiros em Imóveis (Afire, na sigla em inglês), o Brasil ocupa a segunda colocação no ranking das nações que mais oferecem possibilidade de valorização com este tipo de investimento em 2012, atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com o levantamento, 18,6% dos entrevistados consideram que as melhores oportunidades estão no País, que ultrapassou até a China.
Segundo a presidente da Afire, Barbara Knoflach, os investidores ainda veem Europa e América do Norte como mercados mais seguros, mas aos poucos, os países emergentes estão ganhando espaço.
"Com a confiança internacional na recuperação desses países (da Europa e América do Norte) diminuindo, os mercados emergentes têm ganhado maior atenção", afirmou Barbara.
Internamente, os mercados que mais se destacam são o do Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, o valor médio de salas comerciais teve valorização de 73% em 2011 para venda, de acordo com dados do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi-Rio). Já para locação, a apreciação média foi de 37,43% no mesmo período.
De acordo com o diretor de negócios da Gafisa, Alexandre Millen, os fundamentos mais sólidos da economia brasileira, com um cenário de pleno emprego favorecem o mercado de imóveis comerciais.
"A economia crescendo, taxa de desemprego muito baixa e a estabilidade aumentam o consumo e a oferta de serviços. Assim, muitas empresas também estão aumentando os investimentos", diz Millen.
De acordo com vice-presidente do Secovi-Rio, Leonardo Schneider, o Estado do Rio está atraindo muitas empresas que nem sempre estão encontrando espaços adequados.
"São empresas multinacionais na área de petróleo que precisam de instalações de alto nível", opina Schneider.
De olho nestas oportunidades, as construtoras começaram a investir em empreendimentos corporativos e edifícios comerciais. Apenas na cidade de Niterói, no ano passado, foram aprovadas as construções de 15 novos edifícios para estes fins, somando quase 2,5 mil novas salas na cidade, segundo informações da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário de Niterói (Ademi-Niterói). A maior parte desses empreendimentos está localizada no Centro, Icaraí e Jardim Icaraí.
Ainda de acordo com Schneider, durante muito tempo o mercado de imóveis comerciais ficou estagnado, sem lançamentos, e as salas foram ficando ultrapassadas. O diretor da Efer, João Guilherme Massoni, concorda que há falta de imóveis adequados às novas exigências do mercado.
"A carência é grande, pois há muitos anos não existiam investimentos em imóveis comerciais em Niterói, tornando o mercado deficitário, principalmente dos providos de tecnologias operacional e da informação", constata Massoni.
De acordo com o diretor de incorporação da PDG, Marcos Saceanu, apesar de os investimentos no Estado não estarem diretamente relacionados à cidade de Niterói, como os eventos esportivos, na cidade do Rio, e o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, os niteroienses serão beneficiados, pois a cidade abriga algumas indústrias do setor e é muito próxima ao Comperj, que vai gerar uma demanda enorme de serviços.
Porém, o gerente da Imob 2000, Julio Clemente, acredita que as empresas ficarão mais próximas ao complexo.
"A valorização não deve ser tão alta para salas comerciais, mas sim para residências. Algumas empresas podem vir para Niterói, mas a maioria deve ficar próxima ao Comperj ou ter apenas uma filial aqui (em Niterói) pela proximidade do Rio, afirma Clemente.
Entre as novidades dos prédios comerciais modernos estão a possibilidade de menor consumo de energia elétrica e água, além de maior segurança e salas planejadas que suprem a necessidade de determinados profissionais. No The Point Offices, que a construtora Efer está erguendo no Centro, o cliente poderá juntar salas sem custo adicional. No total, serão 110 salas, com preços a partir de R$ 200 mil e financiamento pela Caixa Econômica Federal. O empreendimento ainda possui um terraço com espaço café e churrasqueira e biometria (leitura de digitais) com cadastro de imagem.
Um dos problemas mais comuns para quem vai ao Centro é conseguir vagas em estacionamento. Esse é o grande diferencial, por exemplo, do Global Offices, da Gafisa, que terá 160 unidades e oferecerá vagas de garagem. Além disso, duas colunas do empreendimento devem ter instalação de equipamentos para consultórios odontológicos. Já o Premier Offices, da PDG, está sendo construído no Jardim Icaraí e terá 224 salas comerciais.
São Gonçalo também deve crescer devido à proximidade com Itaboraí, opina Leonardo Schneider. A cidade deve receber muitos novos moradores e com isso impulsionar o mercado comercial, perdendo o título de cidade dormitório. São Gonçalo é a aposta da Gafisa, que está construindo o Icon Bussiness and Mall, mistura de prédio comercial de 416 salas e shopping com 35 lojas para atender à futura demanda por serviços na região.
Salas são um bom negócio
Não são apenas empresas, advogados, médicos e cursos de inglês que estão de olho nas salas comerciais. Este tipo de imóvel é uma ótima opção para quem busca rentabilidade. Segundo o gerente da Imob 2000, uma sala comercial antiga de 29 metros quadrados no Centro de Niterói está custando, em média, R$ 150 mil. Já uma sala nova no mesmo bairro, com cerca de 40 metros quadrados está saindo por R$ 230 mil. Apesar das construções de novos empreendimentos, o crescimento do mercado para imóveis comerciais seguirá se mantendo em níveis recompensadores, opina Alexandre Millen.
"Na verdade, tem muito mais gente desesperada por áreas comerciais porque os imóveis antigos são ruins", avaliou Millen.
Já Leonardo Schneider afirma que o setor permanecerá aquecido e com espaços para novos lançamentos devido a uma demanda reprimida. A taxa de disponibilidade de salas comerciais na cidade gira em torno de apenas 2%.
"A taxa de vacância é uma das menores do mundo para este tipo de empreendimento. Niterói é uma cidade que está com mercado aquecido. E isso atrai novos empreendimentos", avalia Schneider.
O diretor da Estrutura Consultoria, correspondente imobiliário da Caixa Econômica Federal, Bruno Teodoro, diz que, apesar de muitos profissionais liberais, muitos investidores estão atrás de salas comerciais.
"Antes, só trabalhávamos com financiamento de imóveis residenciais. Hoje, cerca de 20% destes contratos são para salas comerciais. E este percentual vai crescer ainda mais", afirma.
Segundo o diretor da Gafisa, investir em uma sala comercial é um bom negócio. De acordo com Millen, uma sala comercial vai render entre 0,7% e 1% ao mês, ou seja, uma sala de R$ 150 mil, será alugada por R$ 800 ou R$ 1 mil, além da valorização e da possibilidade de financiamento.
"Com financiamento, quando a sala ficar pronta é possível que o investidor tenha quitado apenas 30% do valor. A partir daí, ele pode pagar o restante com os rendimentos do aluguel da própria sala", aconselha.
Fonte: O Fluminense