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Ensino técnico está em alta no Rio

Texto: Redação AECweb

Realização da Olimpíada e da Copa do Mundo, com consequente aumento da execução de projetos, requer formação crescente de técnicos especializados em setores como construção civil, hotelaria e petróleo e gás

16 de fevereiro de 2012 - A cidade do Rio de Janeiro está vivendo um momento especial para profissionais de nível técnico. Com a realização da Olimpíada e da Copa do Mundo impulsionando a demanda por mão de obra na construção civil e no setor de hotelaria e turismo, a demanda nunca esteve tão alta, inflacionando salários e levando empresas a investir fortemente em formação profissional. Ao mesmo tempo, o estado também precisa de mais trabalhadores para atender a toda a cadeia de petróleo e gás, o que não só está puxando profissionais de outras áreas para trabalhar no setor, como estimula o desenvolvimento de escolas privadas.

Mesmo assim, ainda há muito espaço para crescer. O coordenador de projetos educacionais do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio de Janeiro (Senai-RJ), Allain Fonseca, lembra que o percentual de estudantes de ensino médio que procuram cursos técnicos ainda é baixo se comparado com outros países. "Na Coréia do Sul, 60% dos alunos de ensino médio fazem curso técnico. Aqui estamos em 15%, ou seja, existe uma massa de 85% de estudantes mirando a universidade."

A oferta de ensino profissionalizante, principalmente os técnicos, aumentou continuamente em 2010 no Senai-RJ. No ano passado, o órgão formou 9 mil profissionais da área e para este ano está prevista a formação de 12 mil. Em 2005, o número de formandos ficava em torno de 5 mil. O ritmo de formação ajuda a ditar a entrada de empresas no estado.

"Mão de obra conta muito na hora de uma empresa decidir se instalar no Rio", diz o coordenador. "Quando se avalia o local de uma fábrica, se olha logística, custo de produção reduzido via incentivo fiscal, e se existe gente para trabalhar na fábrica", resume Fonseca.

O governo federal notou a importância desta classe de trabalhador para a economia nacional. Em outubro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff sancionou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que cria vagas gratuitas para cursos técnicos ou profissionalizantes. No Senai-RJ, por exemplo, 6,7 mil vagas estão enquadradas dentro do programa. O Pronatec, como um todo, deverá oferecer 8 milhões de vagas em todo o Brasil nos próximos quatro anos por meio da chamada Bolsa-Formação, destinada a trabalhadores, estudantes e pessoas em vulnerabilidade social.

A Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec) também está ampliando a sua atuação. Neste ano, a instituição passará a oferecer cursos de petróleo e gás para a área técnica. A fundação - que oferece 40 cursos técnicos em diversas áreas conta com uma média de 19 mil vagas por ano.

"A questão do petróleo e gás nasceu principalmente para atender à necessidade do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), mas temos também um centro de tecnologia de polímeros e plásticos em Duque de Caxias que está demandando", conta a vice-presidente educacional da Faetec, Maria Cristina Lacerda. No total, a fundação atende a cerca de 320 mil alunos por ano, sendo que neste ano deverão ser criadas mais 20 mil vagas. "Em 2007, o número de alunos ficava na faixa de 100 mil."

A escassez de profissionais se faz sentir, gerando conseqüências para a economia e para empresas. Na área de construção civil, por exemplo, a taxa de desocupação ficou em 3,09% em 2011, enquanto na economia como um todo a taxa de desocupação ficou em 6,18%. O Custo Unitário Básico (CUB), índice que reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da mão de obra no setor, apresentou alta de 6,15%em2011, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC).

Além de oferecer cursos de capacitação e programas sociais nos canteiros de obras - como o Alfabetizar é Construir, do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) -, as empresas estão recorrendo a parcerias com instituições de ensino. A Carvalho Hosken, construtora com atuação na Barra da Tijuca, cedeu ao Sinduscon-Rio e ao Senai-RJ terreno para criação da primeira escola de formação profissional da indústria de construção.

HOTELARIA. No setor de serviços, a necessidade é menor, apontam os especialistas. Devido aos investimentos sendo feitos em hotelaria, que começarão a dar frutos conforme os grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíada se aproximarem, a mão de obra qualificada para o setor pode ficar escassa. O presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Alexandre Sampaio, afirma que a preocupação está na qualidade dos profissionais que vão ser empregados nestes hotéis.

"Em alguns estabelecimentos do Rio se tem mão de obra trabalhada, mas os novos empreendimentos não terão", diz ele. A projeção é de que nos próximos dois anos serão necessários de 7 mil a 8 mil funcionários de nível técnico para o setor.

Fonte: Jornal do Commercio

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