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Escolaridade afasta jovem da construção civil, afirma FGV

Texto: Redação AECweb

Conclusão é da pesquisa "Trabalho, Educação e Juventude na Construção Civil"

07 de abril de 2011 - O aumento do nível de escolaridade dos jovens brasileiros tem afastado essa faixa da população do trabalho na construção civil. Eles agora preferem ocupações menos braçais e mais qualificadas, o que contribui fortemente para o chamado "apagão" de mão de obra no setor, que responde por 63% dos investimentos totais na economia. A conclusão é da pesquisa "Trabalho, Educação e Juventude na Construção Civil", da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentada em São Paulo.

De acordo com o estudo, o percentual de trabalhadores da construção civil na faixa etária de 15 a 29 anos caiu de 36,49% em 1996 para 29,24% em 2009. Já o tempo de escolaridade dos trabalhadores com idade entre 20 e 24 anos passou de 4,91 anos em 1996 para 8,06 em 2009. Para os de 20 a 25 anos, o índice foi de 4,89 para 7,54 anos no mesmo período. "A construção civil está cada vez mais se tornando um setor de meia-idade", disse o coordenador do estudo, Marcelo Neri, da FGV. No setor, há predominância masculina: mulheres não chegam a 3% da força de trabalho.

Segundo o estudo, os trabalhadores da construção civil ainda ganham abaixo dos demais setores: R$ 933, contra uma média de R$ 1.094. "Nosso diagnóstico é de que o jovem não está querendo trabalhar na construção civil. Logo, o setor vai ter de lhe pagar mais, qualificá-lo e atraí-lo com mais direitos trabalhistas", disse Neri. A pesquisa mostra que essa recuperação salarial já vem acontecendo. O crescimento anual dos rendimentos individuais dos trabalhadores entre 2003 e 2009 foi maior na construção (3,2%) do que nos demais setores (2,58%).

O coordenador do estudo destaca a valorização do salário do trabalhador com poucos anos de estudo, diferentemente, segundo ele, do que ocorre nos outros países que integram o grupo de países chamado BRIC. "A taxa de crescimento da renda do trabalhador de menos escolaridade no Brasil é 10 vezes maior que a de um trabalhador de alta escolaridade", disse.

"Obviamente, para o trabalhador mais qualificado essa não é uma boa notícia, mas por outro lado mostra que a desigualdade no País está diminuindo. O Brasil não está repetindo a história do milagre econômico dos anos 70, quando cresceu muito mas a desigualdade aumentou."

Para atrair jovens para a construção civil, são apontados três fatores. Dois são de longo prazo: o desenvolvimento de tecnologias que reduzem a necessidade de trabalho braçal e o aumento dos salários determinado pela demanda do mercado.

Fonte: DCI - SP

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