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Estádios da Copa erguem estrutura esportiva de ponta

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Projetos incorporam novos detalhes tecnológicos

17 de maio de 2013 - As novidades tecnológicas nos doze estádios brasileiros que serão palco da Copa do Mundo justificam o investimento de mais de R$ 7 bilhões feitos para dotar o país de uma estrutura esportiva de ponta. Na Arena Castelão, em Fortaleza, o primeiro a ficar pronto, mais de 100 quilômetros de cabos e fibras óticas conectam todas os serviços de dados, voz e imagem em uma única rede que cobre 1.500 mil pontos de acesso no campo, vestiários, arquibancada e áreas externas.

O projeto da Arena Pernambuco, na Grande Recife, incorpora detalhes de segurança dos novos modelos de estádios multiuso, com sala de monitoramento, centro de comando e controle e 271 câmeras - 34 delas, de alta definição, instaladas na cobertura, permitirão a aplicação de um zoom de alta qualidade para acompanhar a movimentação das pessoas.

No Estádio Nacional de Brasília, cinco reservatórios, com capacidade para dois milhões de litros, armazenarão a água da chuva que vai suprir 80% das necessidades do empreendimento - da irrigação do gramado ao abastecimento dos sanitários. A cobertura, revestida com uma película de dióxido de titânio, captura a poluição de mil carros por dia e em exposição ao sol libera moléculas de dióxido de oxigênio que fazem a sua autolimpeza.

A Arena Corinthians, em Itaquera, São Paulo, tem tecnologia alemã de sustentabilidade, que permite o reúso da água da chuva e um sistema de autogeração de energia via células fotovoltaicas aplicadas à fachada. A ventilação também será natural, propiciada pela concepção arquitetônica do estádio.

Há avanços de todos os tipos nos canteiros de grandes obras no país. Inovações tecnológicas, matérias-primas recicladas e recicláveis, equipamentos de última geração e modelagens revolucionárias de projetos impulsionam a pavimentação de rodovias, a ampliação de portos e aeroportos e até a construção de uma usina nuclear. O resultado, que nem sempre é perceptível na redução dos custos das obras, promete vida útil mais longa a estradas e instalações prediais ou segurança máxima a estruturas críticas.

"Na busca pela redução de recursos naturais, as empresas vêm incorporando cada vez mais produtos reciclados e inovações. É um processo que envolve toda a cadeia da construção civil", diz Marcos Casado, diretor técnico e educacional do Green Building Council do Brasil, encarregado da certificação de sustentabilidade dos doze estádios para a Copa do Mundo.

O Parque Olímpico, que será construído numa área de 1,18 milhão de metros quadrados na zona oeste do Rio para abrigar 14 modalidades esportivas dos jogos de 2016 e um público estimado em 120 mil pessoas por dia, é outro projeto de porte que busca a certificação LEED com padrões universais de acessibilidade e o uso de inovações tecnológicas visando a sustentabilidade da construção à operação.

Concessionárias de rodovias estão implantando estradas mais sustentáveis com o uso do asfalto borracha, que reduz o acúmulo de água e, consequentemente, a aquaplanagem. A indústria de cimento busca reduzir a emissão de gás carbônico, de 600 quilos para 260 quilos de CO2 por tonelada do produto, incorporando resíduos à matéria-prima. Fábricas, supermercados e grandes instalações prediais adotam gradativamente a tecnologia de claraboias e domos prismáticos que distribuem a luz solar para todo o ambiente e dispensam parte da iluminação artificial durante o dia.

Na construção da Usina Nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), uma obra que consumirá mais de R$ 10 bilhões da União e requisitos máximos de complexidade e segurança, um dos desafios foi sincronizar o tempo de reação química do concreto por causa do calor e da umidade da região.

A Schwing-Stetter, que presta serviço à construtora Andrade Gutierrez, forneceu duas máquinas que produzem 10 toneladas de gelo por hora para manter o concreto entre 7° e 20°C, temperaturas necessárias para assegurar que grandes volumes ou blocos de concretagem não tenham problemas de fissura na cura. "A qualidade do concreto nuclear tem que ter 100% de garantia, dentro do que estabelecem as normas técnicas, para evitar vazamentos de elementos radioativos para a natureza", diz Luiz Polachini, gerente comercial de equipamentos da Schwing-Stetter.

Grandes obras públicas também começam a incorporar uma modelagem saudada como revolucionária na execução de projetos: o BIM (Building Information Modeling). Trata-se de uma plataforma de software que combina gráficos e geometria 2D e 3D com detalhes sobre custos, materiais e equipamentos e cronograma da obra. O resultado é uma base de dados quantitativa e qualitativa do projeto. Toda a informação em BIM é interconectada. Se um engenheiro projeta uma viga a mais, imediatamente a contabilidade é informada do gasto adicional. A plataforma começou a ganhar espaço nos escritórios de engenharia e arquitetura da Europa e Estados Unidos no fim do século passado. Depois que o governo americano determinou um pente fino em todas as obras de arte nas rodovias federais do país por causa da queda de uma ponte sobre o rio Mississipi que provocou treze mortos, em 2007, um relatório da Sociedade Americana de Engenheiros Civis propôs que todos os projetos de estradas que viessem a ser construídas fossem elaborados na plataforma BIM.

No Brasil, a novidade engatinha. Muito por causa do preço: uma estação de trabalho, incluindo licenças, hardware compatível e pessoal treinado custa entre R$ 10 mil e R$ 20 mil. Por exigência da Petrobras, o projeto do prédio que será construído em Santos para abrigar a Unidade de Negócios da Bacia de Santos, encarregada das operações do pré-sal, terá que ser feito pelo sistema BIM. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estuda exigir nos editais de licitação para a construção das estradas federais que os projetos sejam entregues em plataforma bidimensional e, futuramente, tridimensional.

Fonte: Valor Econômico

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