Estrangeiros apostam no Brasil
Pesquisa coloca Brasil em destaque dentre os países emergentes
29 de janeiro de 2009 - O mercado imobiliário brasileiro, que anda ressabiado por causa da crise financeira mundial, é apontado por investidores estrangeiros como o mais atraente entre os países emergentes em 2009. A pesquisa foi realizada no fim de 2008 pelo Centro James A. Graaskamp para o Mercado Imobiliário, da Universidade de Wisconsin (EUA), com membros da Associação de Investidores Estrangeiros no Mercado Imobiliário (Afire, sigla em inglês).
Os quase 200 entrevistados, de 21 países, possuem aproximadamente US$ 1 trilhão no mercado imobiliário mundial, e US$ 371 bilhões só nos Estados Unidos.
Segundo a pesquisa, o volume de investimentos este ano deve ser maior do que em 2008. O plano é aumentar 54% dos investimentos globalmente e 58% nos Estados Unidos.
É surpreendente a colocação do Brasil, que só perde para os Estados Unidos, com 37% dos votos, como país que apresentou o melhor cenário para apreciação do capital investido em 2008. O Brasil, com 16% dos votos, pulou 10 posições e ultrapassou a China, que caiu para a terceira colocação. A Índia, outro país emergente que faz parte do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), também perdeu posições: de terceiro para quinto. Por outro lado, o Reino Unido subiu para quarto lugar - saindo do nono -, devido à revalorização do setor no país.
Na prática
A Bramex Realty, empresa de investimentos imobiliários, prevê investir R$ 350 milhões no Brasil, em 2009 e 2010. Formada pela Stan Desenvolvimento Imobiliário, pelos antigos donos do Banamex ( Banco Nacional do México) e pela Hipermarcas, a companhia investe em empreendimentos residenciais da Stan, que vão de R$ 150 mil a R$ 800 mil, e também em empreendimentos comerciais de altíssimo padrão. Em apenas um ano, o grupo participou de projetos que somam mais de R$ 750 milhões de volume geral de vendas (VGV).
"Apostamos em imóveis diferenciados, no que diz respeito a terrenos e lançamentos. Por isso, mesmo em época de crise, temos resultados positivos", afirma Stefan Neuding Neto, diretor executivo da Bramex Realty. No fim de 2008 - quando a turbulência financeira desembarcou no País - a empresa lançou dois empreendimentos e a previsão para 2009 é de mais cinco. "Vai depender da crise e da velocidade de aprovação dos projetos. Estamos cautelosos, portanto podemos adiar ou não os lançamentos", diz, fazendo coro com o restante do setor.
O foco dos investimentos é, sem dúvida, a cidade de São Paulo, onde, segundo Neuding Neto, está 70% do mercado imobiliário. "A notícia boa é que, com a crise, os preços e as negociações de terrenos estão mais palatáveis", avalia. Mas a morosidade na aprovação dos projetos continua da mesma forma.
"Estamos mais seletivos do que no ano passado, mas temos capital em caixa para tocar os projetos que nos comprometemos." Sobre a possibilidade de expandir a atuação para o México, país de origem dos investidores da Banamex, Neuding Neto diz que não é o momento. Segundo ele, a crise financeira tem raízes mais profundas naquele país do que no Brasil, por causa da proximidade com os Estados Unidos. "Vamos continuar apostando no Brasil."
Segundo a pesquisa com os membros da Afire, os países mais atraentes para investimentos imobiliários em 2009 são Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão. Quanto às cidades, Washington D.C. destrona Nova York, que esteve na liderança por dois anos, e caiu para a terceira colocação. Londres aparece em segundo lugar.
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/jan