Excesso de oferta já atrapalha a venda de imóveis
Quantidade de imóveis lançados no último trimestre é tão grande, que a concorrência está prejudicando a venda dos empreendimentos.
15 de dezembro de 2010 - A alta velocidade de vendas que ditou o tom do mercado imobiliário durante todo o ano de 2010 dá os primeiros sinais de recuo. Isso porque a quantidade de imóveis lançados no último trimestre é tão grande, que a concorrência está prejudicando a venda dos empreendimentos.
Segundo o Valor apurou com incorporadores, o ritmo já não é o mesmo dos trimestres anteriores e há empresas reduzindo o valor de tabela para vender mais rápido. Para contemplar as projeções ousadas que fizeram no início do ano e por conta do atraso nas aprovações - especialmente em São Paulo - as empresas tiveram que desovar uma quantidade enorme de produtos no mercado. "Este ano terá lançamento no dia 19 de dezembro. O usual era até, no máximo, o primeiro fim de semana de dezembro", diz Mirella Mirella Parpinelle, diretora de atendimento da Lopes. A imobiliária ainda tem sete empreendimentos para lançar este ano.
Nos primeiros nove meses do ano, as companhias abertas lançaram R$ 24,4 bilhões. Consideradas o ponto médio da previsão de dez empresas e repetindo o desempenho das demais no primeiro semestre acrescido de 20% no segundo (número bastante conservador) para projetar o total do ano, as companhias teriam de desovar este ano cerca de R$ 41 bilhões. Não vão conseguir.
Segundo dados da Lopes, no terceiro trimestre, a velocidade de vendas da imobiliária foi de 29,5%. "A velocidade tende a cair por causa da oferta", diz Mirella.
O empresário Lúcio Jr, sócio da Lúcio Engenharia, empresa que deve fechar o ano com lançamentos de R$ 270 milhões, confirma. "Têm muito produto no mercado, as vendas ficaram mais lentas", diz.
Preocupada com os investidores, que andam descontentes com a companhia, a Cyrela divulgou ontem que bateu a meta de lançamentos prevista para este ano, com R$ 7,123 bilhões, sendo que R$ 6,9 bilhões já foram efetivamente lançados. Apenas no quarto trimestre, os lançamentos somaram R$ 4 bilhões, mais do que a companhia lançou no ano todo.
Fonte: Valor Econômico - SP