Fabricantes de cerâmica aceleram investimentos
Construção: Ceramistas ampliam produção para atender demanda interna
17 de junho de 2010 - Otimista com o crescimento da construção civil no mercado interno, a indústria cerâmica já volta a investir em aumento da capacidade produtiva e em tecnologia para agregar valor aos seus produtos. Depois de um ano em que a crise mundial enxugou ainda mais as exportações da cerâmica brasileira, o foco é o consumo nacional. A expectativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer) é de que a fabricação deve ter um crescimento de 8% este ano.
Este não é o único setor que está apostando em aumento da capacidade de produção para atender a expansão da demanda puxada por novas moradias, novas obras industriais, comerciais e por projetos de infraestrutura no país. Na indústria de cimento, a Votorantim anunciou novo pacote de investimento em novas fábricas e o setor vidreiro, de produtos planos, depois de seis anos sem fazer investimentos, está aplicando R$ 1 bilhão em ampliação de instalações, novos fábricas e novos fornos. Os fabricantes de chapas de madeira estão no mesmo ritmo de investimentos.
No primeiro trimestre, as empresas brasileiras fabricaram 176,82 milhões de metros quadrados de cerâmica para revestimento, apenas 2% a mais do que no mesmo período de 2009. Mas o ritmo de crescimento das vendas de aços longos - um dos principais indicadores da construção civil - que registrou crescimento de 51% nos primeiros três meses do ano imprimem a expectativa de ganhos maiores até o fim de 2010.
"A cerâmica sente a demanda até um ano depois do que outros itens fundamentais para o começo da obra, como é o caso do aço. Isso acontece porque entramos apenas na parte final da obra", diz Antônio Carlos Killing, superintendente da Anfacer. Na avaliação dele, 2010 já deve demonstrar essa recuperação que deve ser ainda mais acentuada em 2011 e 2012.
Atenta aos movimentos do setor, as indústrias já se preparam para acompanhar o ritmo de crescimento da demanda interna. A Cecrisa, companhia que produz e comercializa revestimentos com as marcas Cecrisa e Portinari, prevê para este ano um crescimento de 15% em seu faturamento. A estratégia da companhia para alcançar essa meta será agregar valor ao mix de produtos da marca Portinari. Com um investimento de R$ 23 milhões, a Cecrisa vai incluir impressão digital na decoração de porcellanatos, melhorando o acabamento das peças, e ampliando o portfólio.
No ano passado, os investimentos ficaram em R$ 4 milhões. De acordo com Rogério Sampaio, presidente da Cecrisa, a produção de grandes formatos é outra tendência para o crescimento do faturamento da empresa neste ano.
Uma nova linha para fabricação de porcelanato no tamanho de 90x90 cm também está entre os investimentos. "Queremos nos manter no eixo de fabricação de produtos nos quais o consumidor note a adição de valor", explica Sampaio.
Em 2009, a empresa que tem sede em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, teve faturamento de R$ 608 milhões. No primeiro trimestre deste ano, a receita bruta ficou em R$ 150,5 milhões, 5% acima do mesmo período de 2009. O lucro bruto da empresa no período foi de R$ 39 milhões, crescimento de 7% em relação ao ano passado.
Quem também aposta no crescimento da demanda é a Eliane. A catarinense, que tem sede em Cocal do Sul, está ampliando a produção da unidade instalada em Camaçari, na Bahia. De 2007 para cá a produção evoluiu de 275 mil metros quadrados mensais para 700 mil metros quadrados. Os investimentos no período chegam a R$ 50 milhões.
A intenção da Eliane é atender melhor os mercados do Norte e Nordeste a partir da fábrica baiana. Até o fim do ano, Camaçari deve atingir a produção de 750 mil metros quadrados mensais.
De acordo com Otmar Müller, diretor industrial da Eliane, a ampliação da produção da unidade da Bahia tem o objetivo de reduzir o custo logístico para atender à região. Segundo Müller, a previsão é que a Eliane tenha um crescimento de 7% na produção, que hoje é de 3,2 milhões de metros quadrados mensais.
A Portobello também fez investimentos este ano para a ampliação da produção. Foram R$ 15 milhões investidos em novos equipamentos para ampliar em 13% a produção mensal. Com o aporte, a fabricação de 1,5 milhão de metros quadrados ao mês passará para 1,7 milhão de metros quadrados.
Fonte: Valor Econômico - SP