Fabricantes de cimento têm o melhor dezembro em dez anos
Alta foi de 11% sobre mesmo período de 2007
Apesar do encolhimento em alguns setores da construção civil - com notícias de demissões e cancelamento de futuros projetos imobiliários -, a indústria ainda trabalha a todo vapor para atender o novo patamar de consumo que o Brasil atingiu nos últimos dois anos. Dados preliminares do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) mostram um crescimento de 14,3% nas vendas do produto para o mercado interno, chegando ao patamar inédito de 51,1 milhões de toneladas comercializadas no ano.
Considerado apenas dezembro, a alta foi de 11% sobre mesmo período de 2007, para 3,9 milhões de toneladas. Não apenas é um bom patamar para o último mês do ano - que costuma ter pouco movimento devido aos feriados e ao período de chuvas -, como também é o melhor desempenho para um mês de dezembro dos últimos dez anos.
Manutenção em 2009
"Tivemos um ano excepcionalmente bom, puxado fortemente pelos empreendimentos imobiliários", afirmou o presidente do Snic, José Otávio Carvalho. "Ainda há projetos sendo concluídos e iniciados”, disse. O impacto da queda nas vendas de imóveis, a redução nos lançamentos e uma possível diminuição das vendas no varejo devem chegar à indústria de cimento a partir deste ano, quando Carvalho prevê "a manutenção da atividade de 2008".
Ainda assim, os níveis atingidos em 2008 confirmam a recuperação do setor - depois de um ciclo de retração iniciado em 2000 - e, acredita Carvalho, o elevam irreversivelmente a um novo patamar de consumo. "O consumo de cimento per capta no Brasil fechou 2008 por volta de 270 quilos por habitante. Nem nos melhores anos da década de 70 alcançamos este volume", disse. Em 2007 o consumo per capta foi de 243 quilos.
Com as 51 milhões de toneladas de cimento que o Brasil alcançou em 2008, o País deve retomar a posição de 6 maior consumidor de cimento do mundo, posto que perdeu em 1999 para chegar a 10 em 2006.
Investimentos mantidos
Ainda com a probabilidade de um crescimento menor em 2009, as empresas do setor não descartam a necessidade de uma capacidade maior. Ao longo de 2007 e 2008 a maior parte das dez cimenteiras presentes no País anunciaram investimentos que ampliariam a capacidade instaladas em 50%, das atuais 60 milhões de toneladas ao ano para 90 milhões de toneladas, segundo estimativas do Snic.
Maior delas, a Votorantim Cimentos, que possui cerca de 40% de participação do mercado, anunciou um projeto de investimentos de R$ 3,2 bilhões até 2012. "Evidentemente, estamos agindo com mais cautela agora, como todo mundo. Mas os planos continuam conforme foram anunciados", disse o diretor comercial da empresa, Marcelo Chamma.
A maior parte do projeto - pelo menos três novas grandes unidades - devem ficar prontas apenas em 2010, quando, acredita Chamma, o mercado internacional deve estar mais estável. Ao longo de 2008, no entanto, a empresa já inaugurou três unidades de moagem e já reabriu três fábricas que estavam desativadas desde o início da década.
"Se o Brasil aguentar o primeiro semestre sem entrar em recessão, ou com uma recessão fraca, a tendência é que o mercado volte a crescer normalmente em 2010", disse André Schaeffer , diretor comercial da Camargo Corrêa Cimentos, dona da marca Cauê.
A empresa está traçando para este ano um plano de expansão de capacidade mas não antecipou maiores informações. "Em 2009 o mercado ainda pode ser bom, apesar do crescimento menor, ainda será um ano puxado para a indústria de cimento", afirmou Schaeffer.
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/jan