FMI diz que crise imobiliária pode durar oito anos
Estudo aponta cenário sombrio para a habitação em várias partes do globo para esta década
07 de outubro de 2010 - A crise do setor imobiliário global pode se estender pelos próximos oito anos, como reflexo do baixo investimento feito em vários países e pelos altos preços das residências. A estimativa é de um estudo do FMI (Fundo Monetário Internacional), divulgado nesta quarta-feira (6), com uma análise de cada país neste ano.
A pesquisa Perspectivas Econômicas Mundiais, divulgada a cada seis meses, aponta um cenário sombrio para a habitação em várias partes do globo para esta década.
A análise é de que há problemas tanto nos países mais afetados pela crise global - como EUA, Espanha e Irlanda - quanto nas economias em recuperação, como as da região Ásia-Pacífico e as da maioria dos países escandinavos.
Nos EUA, os investimentos residenciais continuam baixos. O FMI diz que isso pode ser explicado pelo padrão de preços dos imóveis e pela dívida imobiliária em circulação. Para piorar, os estados norte-americanos nos quais os problemas de preço foram mais pronunciados também são aqueles em que o desemprego mais cresceu.
Os incentivos fiscais nos EUA e no Reino Unido apenas estimularam temporariamente as atividades no setor.
Especialmente nos EUA, dado o limitado sucesso dos programas de modificação de hipotecas e da quantidade de execuções de hipotecas e inadimplência, isso tem renovado os receios com uma dupla recessão nos mercados imobiliários. Se a criação de empregos continuar baixa, os riscos de uma dupla recessão no setor aumentam.
Há ainda outras ameaças, como as taxas recordes de inadimplência em títulos lastreados em hipotecas. Foram títulos desse tipo, em que se concedia crédito habitacional até para quem não tinha como comprovar renda, que iniciaram a crise financeira nos EUA, em 2008.
Os EUA estimam que essas dívidas passem dos R$ 1,316 bilhões (ou US$ 566 bilhões, pelo valor do dólar frente ao real nesta quarta-feira), com vencimento neste ano e no próximo.
Além disso, renovadas restrições nas condições de crédito podem se materializar, por causa de perdas com empréstimos em conseqüência de inadimplência e de regras de capital mais rígidas.
Na Ásia, o FMI acredita que, apesar de os fundamentos parecerem fornecer suporte para a alta dos preços, as estimativas são menos confiáveis e as evidências de atividade especulativa, o aumento das taxas de disponibilidade, o considerável crescimento do crédito imobiliário e os grandes fluxos de entrada de capital podem ser sinais de um superaquecimento.
Fonte: R7 - SP