Fórum reuniu especialistas para debater gargalos e soluções a mobilidade urbana
Temas relacionados ao desenvolvimento planejado, qualidade de vida, tecnologia, funcionalidade, transporte e soluções foram pauta principal do 1º Fórum Nacional de Mobilidade Urbana. Promovido pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais, o evento reuniu nesta última sexta-feira (21), cerca de 244 participantes, no Centro Cultural Minas Clube, em Belo Horizonte.
O crescimento desorganizado dos grandes centros urbanos, sem o adequado planejamento geográfico e de integração logística, acarreta enorme transtorno a população pela distância e tempo de deslocamento entre os locais de residência, trabalho, comércio e lazer. Os grandes congestionamentos e a deficiência do transporte urbano acarretam prejuízos, tanto sociais como econômicos, para os cidadãos das metrópoles no país.
A diretora do ITDP Brasil – Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento e palestrante do Fórum, Clarisse Linke, lembrou que nas cidades em desenvolvimento há uma necessidade em meios de transportes, mas o que se vê é um investimento míope em carros e não há preocupação com a mobilidade urbana propriamente dita.
“Não há uma cultura de planejamento multidisciplinar no Brasil que estude o caso. O que acontece é como será o uso do solo e não o impacto que o carro causa na qualidade de vida e também da saúde das pessoas. Isso cria a necessidade de um planejamento integrado em grandes operações urbanas por meio de ofertas intermodais em que o espaço do pedestre também seja valorizado e mais ofertas de transporte público”, complementou.
Outras questões importantes foram levantadas no painel sobre legislação aplicada à questão da mobilidade urbana. A desoneração tributária dos ativos fixos aplicados sobre os modais de capital intensivo como VLT e metrô, bem como a tributação progressiva de IPTU e IPVA, levando em conta, a questão da mobilidade urbana também foram objetos de debate entre os participantes.
Para Marcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte e palestrante do Fórum, a capital mineira se adensou de forma expressiva e a frota dos veículos aumentou, o que resultou na necessidade de um estudo para melhoria da mobilidade urbana. “A falha do transporte de massa do Brasil é a falta de uma tarifa única. Um possível aumento da gasolina poderia aumentar o subsídio do transporte público e proporcionar essa tarifa única, por exemplo”, disse o prefeito.
Em suma, a maioria dos palestrantes do evento considerou a mobilidade urbana como um tema central das políticas públicas nos três níveis de governo, federal, estadual e municipal. Eles também constataram a necessidade de parcerias público-privadas para dar sequência aos investimentos dos modernos modais de transporte público que estão hoje sendo demandados nos grandes centros urbanos.
Tecnologia e funcionalidade
“A tecnologia pode e deve ser aplicada para as melhorias do transporte coletivo com inúmeras propostas, inovações e soluções”, disse Jose Varella, presidente da 3M, empresa que possui dois laboratórios de mobilidade urbana: um no Brasil e outro nos Estados Unidos.
“Precisamos do Governo e dos prefeitos comprometidos com a questão da tecnologia no transporte público para que as pessoas tenham mais condições e oportunidades ao se deslocarem. Com isso teremos cidades muito melhores nos próximos 15 anos”, destacou também Oscar Díaz, sócio da GSD Plus, empresa de consultoria em transporte. “Nos Estados Unidos os jovens não querem dirigir, eles preferem andar de transporte público de bicicletas em cidades como Los Angeles e Nova Iorque, por exemplo”, citou Díaz.
Em recente entrevista a Revista Exame, o especialista destacou que “o BRT não é uma solução só para os países pobres, é a melhor solução para o transporte em geral, é mais barato que metrô. E por ser mais barato, você pode ter mais corredor, e mais disponibilidade de transporte”.
Expandir ciclovias é outra solução barata e eficiente de acordo com ele. "Eu vou de bicicleta ao meu escritório, são aproximadamente 6 km, gasto 22 minutos. Se eu for de carro, gasto pelo menos 45 minutos, sem falar do estresse. De bicicleta eu chego antes, mais tranquilo e dá até para ter ideias criativas. Ouvi dizer que Einstein pensou na teoria da relatividade andando de bicicleta", contou.