Gafisa diz que manterá postura agressiva na baixa renda
Por meio da Tenda, Gafisa vai optar por "testar" os segmentos de médio e alto padrão até dezembro
04 de agosto de 2009 - A Gafisa deverá manter a estratégia de atuação mais agressiva no mercado de baixa renda, por meio da Tenda, e de análise criteriosa de lançamentos voltados para média e alta renda ao longo do segundo semestre, disse nesta segunda-feira o presidente da empresa, Wilson Amaral.
Conforme o executivo, os estoques mostraram queda "significativa" nos seis primeiros meses do ano, na esteira da recuperação do mercado imobiliário. Ainda assim, até dezembro, a construtora e incorporadora vai optar por "testar" os segmentos de médio e alto padrão.
“Há uma recuperação das vendas nos três segmentos em que atuamos, via Tenda, Gafisa e Alphaville, mas não queremos lançar um produto e não ter uma boa velocidade de vendas”, afirmou Amaral.
Ao final de junho, os estoques da companhia, a valor de mercado, somavam R$ 2,7 bilhões, ante R$ 2,9 bilhões em março.
No caso da Tenda, disse Amaral, o ritmo de lançamentos deverá ser mais agressivo caso a construtora, na qual a Gafisa detém participação de 60%, queira manter o nível de vendas verificado nos seis primeiros meses do ano.
A Gafisa reiterou que deve registrar margem Ebitda entre 16% e 17% em 2009 e ter vendas consolidadas de R$ 2,7 bilhões a R$ 3,2 bilhões no ano. Em 2008, a margem Ebitda da companhia ficou em 12,69% e as vendas contratadas totalizaram R$ 3,4 bilhões.
De acordo com Amaral, a expectativa de melhora na margem Ebitda deve-se ao maior volume de receitas, puxado sobretudo pela Tenda, e diluição das despesas. A partir de maio, a Tenda passou a dispor de R$ 600 milhões, captados por meio de uma emissão de debêntures, o que permitiu a aceleração de projetos.
Amaral informou ainda que o nível de endividamento da Gafisa, medido pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido, de 65,6% ao final do segundo trimestre, deverá evoluir para 80% ou até 85%, entre o final deste ano e o início de 2010.
Em teleconferência com analistas, Amaral disse que a companhia está confortável com o nível de alavancagem. “Mas vamos olhar no sentido de não machucar os ratings da companhia”, disse.
Conforme Amaral, a Gafisa tem à disposição uma série de alternativas de financiamento, oferecidas por bancos sobretudo após o anúncio de que pretendia realizar uma oferta pública de ações. A operação - que poderia render até R$ 700 milhões ao caixa da companhia - foi suspensa em razão de "condições de mercado".
Segundo ele, se o mercado imobiliário se mantiver forte e a companhia decidir por ampliar de forma significativa o volume de negócios, uma oferta de ações poderá voltar à pauta.
Ao final do segundo trimestre, a Gafisa tinha em caixa R$ 1,056 bilhão, ante R$ 501 milhões no encerramento de março. A dívida total estava em R$ 2,242 bilhões, ante R$ 1,563 bilhão em março.
“Daqui para a frente, vemos uma tendência de queda nos spreads (dos financiamentos), à medida que melhoram a confiança e a economia”, disse Amaral a analistas.
A Gafisa anunciou no final da noite de sexta-feira lucro líquido de R$ 57,8 milhões no segundo trimestre, 35% maior que os R$ 42,8 milhões um ano antes.
As vendas contratadas da Gafisa somaram R$ 835 milhões nos três meses até junho, alta de 9% na comparação anual. Os lançamentos, enquanto isso, caíram de R$ 1,409 bilhão para R$ 626 milhões.
A receita operacional líquida no intervalo, calculada em função do andamento da obra, avançou 54% frente ao segundo trimestre de 2008, para R$ 705,8 milhões.
Fonte: JB Online - RJ