Gasto com obras do Maracanã pode chegar a R$ 1 bilhão
Obras previstas para terminar em dezembro de 2012 podem atrasar em até seis meses
11 de janeiro de 2011 - Sinal amarelo se acendeu na reforma do Estádio do Maracanã para a Copa do Mundo-2014, que já está custando R$ 712 milhões. Equipes do Consórcio Maracanã Rio 2014, responsável pela obra, identificaram sinais de deterioração de parte da estrutura da cobertura original do estádio. Na avaliação de especialistas, em se confirmando que a cobertura está comprometida, as obras previstas para terminar em dezembro de 2012 podem atrasar em até seis meses e fazer com que o estado acabe gastando até R$ 1 bilhão para $toda a reforma.
A estimativa de gastos adicionais e comprometimento do cronograma, que segundo a secretaria estadual de Obras ainda não é possível confirmar que vai ocorrer, é do consultor em engenharia estrutural João Luiz Casagrande. João analisou o projeto proposto para o Maracanã. Ele observa que a nova cobertura do Maracanã, que será feito em estrutura metálica flexível para cobrir 100% das arquibancadas, será construída como uma extensão da cobertura existente. “Não estou surpreso que encontraram sinais de deterioração. Estruturas metálicas e de concreto armado foram projetadas para durar 50 anos. O Maracanã já tem 60 anos. Se for necessário recuperar a cobertura é pouco provável que operários tenham condições de segurança para trabalhar em baixo na construção de novas arquibancadas. Claro que se forem construir uma nova cobertura a obra pode encarecer. Minha estimativa é que possa chegar a R$ 900 milhões ou até R$ 1 bilhão”, avaliou João Luiz Casagrande.
Problemas com empréstimo
Em nota oficial, a Secretaria estadual de Obras informou que irá encomendar um estudo especializado para garantir, com rigor científico, se existe ou não comprometimento da estrutura. A nota, porém, não deixa claro se esses estudos poderão ou não comprometer o prazo das obras. "Não há comprovação de que a cobertura do Maracanã está tecnicamente comprometida. O que há é a constatação de que houve deterioração de partes dos materiais de estrutura", informa a nota.
O presidente do Crea, Agostinho Guerreiro, acredita que só com a realização de estudos mais aprofundados - inclusive ensaios em laboratório para avaliar o desgaste de materiais - será possível ter certeza sobre o caminho a seguir. Segundo ele, isso pode levar, no mínimo, de 20 a 40 dias para uma primeira avaliação. “Se a avaliação encontrar em partes distintas da cobertura problemas diferentes, será necessário mais tempo para $um projeto para a recuperação. Nesse caso, o tempo vai depender do que for identificado no primeiro diagnóstico”, disse. Agostinho acrescentou: “Se há sinais de deterioração existem duas hipóteses. Ou houve falha na manutenção preventiva, que é imprescindível numa cidade cuja maresia pode atingir estruturas que ficam a até sete quilômetros de distância, ou eventualmente uma falha no projeto original do estádio”, disse.
Caso as obras atrasem, o Rio de Janeiro não cumprirá compromisso com a Fifa de acabar as obras até o fim de 2012 para preparar o estádio para a Copa das Confederações (junho de 2013).
Os custos da reforma já aumentaram. Em dezembro de 2009, quando o estado desistiu de executar as obras em parceria com a iniciativa privada, que assumiria os custos em troca da exploração comercial do complexo, o projeto era estimado em R$ 500 milhões.
Os problemas não se limitam às obras. O BNDES aprovou um financiamento de R$ 400 milhões para o governo do Estado tocar a reforma, mas o contrato ainda não foi assinado. Um dos motivos é que o banco espera sinal verde da Controladoria Geral da União (CGU), que, a pedido do Ministério Público Federal, pediu esclarecimentos ao estado sobre detalhes do projeto.
Fonte: O Globo