Geotecnia ganha impulso com o aquecimento da construção civil
Empresas buscam alunos ainda na faculdade. Salário inicial é de R$ 6 mil
19 de julho de 2010 - Além de engenheiros civis, o aquecimento do setor de construção tem aberto espaço para a contratação de profissionais de geotecnia. Por ser capaz de estudar e analisar o comportamento de solos e rochas, o engenheiro especializado na área tem espaço garantido em obras de infraestrutura, contenção e fundações.
“O engenheiro geotécnico orienta como uma área deve ser ocupada ou aponta as razões que impedem essa ocupação”, explica o professor Leonardo Becker, do Departamento de Construção Civil e Planejamento Urbano (DCC) da Escola Politécnica da UFRJ.
Na universidade, a graduação em engenharia civil oferece ênfase em geotecnia. Já a Coppe conta com mestrado na área. Professores garantem que a maioria dos alunos sai da sala de aula direto para vagas em órgãos governamentais, como a Georio ou a Defesa Civil; e empresas grandes, como Petrobras, Furnas ou Eletrobrás, onde um profissional recém-formado pode ganhar, em média, R$ 6 mil. “Se criassem um órgão nacional para cuidar de problemas de contenção de encostas, como deslizamentos de terra, não haveria profissionais disponíveis para trabalhar. Está sobrando emprego e faltando gente”, diz Becker, ressaltando que a tendência é que o mercado continue aquecido nos próximos cinco anos. “O governo já assegurou investimentos em obras de infraestrutura, como portos, siderúrgicas e refinarias”, diz.
Além da falta de cursos de formação, um dos motivos para a escassez de profissionais de geotecnia no setor é o fato de a maioria dos alunos de engenharia civil não optar por essa especialização, preferindo a área de construção urbana. “Os estudantes entram na universidade achando que fazer engenharia civil se resume a construir casas. Há ainda quem não veja a geotecnia como um campo promissor”, diz Becker. “Mal sabem eles que as empresas nos pedem indicações o tempo todo. E nem sempre conseguimos ajudar porque a maioria dos profissionais, mesmo os recém-formados, já estão empregados”, completa.
Coordenador do mestrado "Estruturas, geotecnia e construção civil" da Uerj, Luciano Rodrigues diz que não é raro as empresas buscarem estudantes ainda dentro da universidade. “Os alunos saem encaminhados e conseguem uma ascensão rápida. Em três ou quatro anos muitos alcançam cargos de gerência - diz o professor, que já encaminhou à Capes um pedido para que a universidade possa oferecer doutorado em geotecnia a partir do ano que vem”.
Fonte: O Globo - RJ