Governo é a aposta do setor de cimento para crescer
Fabricantes aguardam medidas mais fortes das medidas do governo para o período entre o segundo semestre e meados de 2010
17 de junho de 2009 - O cimento, principal indicador do setor da construção civil, está sendo consumido no mercado interno no mesmo ritmo registrado em 2008, mas os fabricantes ainda vivem sob cautela, aguardando impactos mais fortes das medidas do governo para o período entre o segundo semestre e meados de 2010.
O setor era apontado no ápice da crise financeira mundial como um dos pilares que sustentariam parcela do crescimento da economia brasileira.
"No próximo ano voltaremos a crescer. Não na velocidade de 2008, mas algo entre 3% e 5%. A participação do governo ainda está pequena, mas existe o interesse. O percentual concluído é baixo, mas podemos olhar na perspectiva de que ainda tem muita coisa para ser feita", afirmou o diretor comercial da fabricante de cimentos Lafarge, Rogério Silva.
A produtora, que nos primeiros meses do ano verificou crescimento de apenas 1% na comparação com o mesmo período do ano passado, estava mais otimista no final de 2008.
"Hoje, a situação é diferente, o primeiro semestre não está sendo como imaginávamos, mas há indicadores que o segundo semestre será melhor", disse Silva, lembrando que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) surtiu efeito no consumo, possibilitando o início de pequenas obras.
No mês de maio, as fabricantes venderam ao mercado interno brasileiro 4,1 milhões de toneladas de cimento, anotando um crescimento de 2% ante abril. Na comparação com maio de 2008, o número representa queda de também 2%.
Já demonstrando estabilidade, no acumulado de janeiro a maio de 2009 foram comercializadas 19,7 milhões de toneladas para o mercado interno, queda de 0,3% sobre igual período de 2008.
Outro item que tem agitado as discussões em torno do aquecimento da construção civil, o programa do governo federal “Minha Casa, Minha Vida”, ainda não tem gerado grande movimentação com as produtoras, o que é aguardado para os próximos meses.
"Tudo isso é um conjunto. Essas medidas e projetos para apoiar a construção trará uma ´não queda´ no nível de atividade das fabricantes", afirmou o vice-presidente do Sindicato Nacional das Indústria de Cimento (Snic), José Otávio Carvalho, que lembrou que o programa de construção popular manterá o mesmo nível de consumo alcançado em 2008.
O executivo lembrou que o consumo de cimento no País saltou nos últimos dois anos, e que antes da eclosão da crise estimava-se crescimento de aproximadamente 8% para o ano de 2009.
No ano passado, o aquecimento da construção civil fez com que faltasse cimento no mercado, obrigando as empresas a remanejarem o produto destinado para exportação para atender o mercado interno.
"Mas nós ainda olhamos o cenário com cautela, porque historicamente a indústria de cimento entra e sai atrasada da crise", disse Carvalho.
Em 2008, o consumo de cimento no país chegou a 51 milhões de toneladas. A capacidade instalada da indústria cimenteira brasileira é de 63 milhões de toneladas por ano. Ao todo, são 65 fábricas, que pertencem a dez grupos industriais.
Já a fabricante Itambé acredita que as ações do governo foram fundamentais para a manutenção do ritmo do consumo, e a companhia também aguarda um segundo semestre mais aquecido, com cerca de 4% de crescimento ante os primeiros seis meses do ano.
"Nós estamos trabalhando em nossa capacidade produtiva e não estamos revendo nenhum investimento. Nós estamos otimistas em relação à Copa do Mundo, e que isso já trará efeitos no nosso setor em 2010 e nós estamos preparados para essa demanda", afirmou o diretor comercial da Companhia de Cimentos Itambé, Lycio Vellozo.
Fonte: DCI - SP