IAB completa 100 anos com realizações inéditas em 2021
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Acontece, pela primeira vez no país, Congresso Internacional de Arquitetos – UIA 2021 RIO – promovido pela entidade mundial desde 1948
19/05/2021 | 17:25 - Outro fato inédito, em um século, é a presidência do IAB Nacional estar nas mãos de uma mulher, a arquiteta Maria Elisa Baptista, doutora em urbanismo. Em entrevista ao podcast do Portal AECweb, ela sintetiza os momentos marcantes vividos pela entidade nesse século. “O IAB foi fundado entre as duas grandes guerras mundiais, pouco depois da revolução russa e da pandemia da gripe espanhola, em meio à revolução dos costumes dos anos 30 e ao debate do papel da arquitetura na construção de um novo mundo”. Os enfrentamentos se deram em várias frentes, como a resistência a duas ditaduras, a defesa das eleições diretas, a participação na Constituição Cidadã de 1988, a luta por moradia digna e pelo direito de todos à arquitetura.
As celebrações dos 100 anos tiveram início com a publicação do manifesto do IAB na data de sua criação, 26 em janeiro último, e prossegue com a realização de debates. Vai se encerrar, no final do ano, com o lançamento da revista IAB 1921-2021, que registrará essa trajetória em fatos, depoimentos, documentos e artigos. “A revista vai, também, nos abrir perspectivas e caminhos de atuação”, antecipa.
Falar sobre a evolução da arquitetura nesse longo período não é tarefa fácil. Maria Elisa lembra que, no início, sob a influência de correntes que pregavam uma nova arquitetura para um novo mundo, a arquitetura moderna brasileira entrelaçou uma brasilidade com o que havia de mais visionário no mundo. “E produziu verdadeiras joias”, diz, referindo-se, por exemplo, ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Brasília e citando arquitetos como Lelé e Lina Bo Bardi.
Veio a ditadura militar de 64, que massacrou a arquitetura e as cidades, assim como o meio ambiente, o patrimônio histórico. “Como está acontecendo, de novo, agora”, ressalta. Mas, muita coisa sobreviveu nesse imenso país continental, apesar de em meio a algumas superficialidades de edifícios feitos sem raiz e sem motivo, ainda há imenso número de prédios e lugares generosos, “que nos reconciliam com a beleza da vida humana”, frisa e continua: “Nosso ofício está a serviço de todas as pessoas e há muito a fazer”.
Embora fosse impossível realizar presencialmente o 27º Congresso Internacional de Arquitetos, no Rio de Janeiro, por conta da pandemia, a participação virtual e gratuita possibilita o encontro de profissionais dos quatro cantos do mundo. Os debates, palestras e lives, abordam a cada mês os temas: ‘Fragilidades e Desigualdades’ (março), “Diversidade e Mistura’ (abril), ‘Mudanças e Emergências’ (maio), ‘Transitoriedade e Fluxos’ (junho), para culminar, em julho, com o eixo central ‘Todos os mundos, um só mundo’. “Esse modelo se mostrou capaz de atingir um número muito superior de profissionais ao que a gente alcançaria se fosse presencial”, comenta, falando ainda sobre os legados do congresso esperados pela UIA e IAB.
Maria Elisa aborda a satisfação em ser a primeira mulher, em 100 anos, a presidir o IAB – caminho que foi pavimentado por muitas arquitetas e que elegeu, também, Nádia Somekh para a presidência do CAU Brasil, e outras mulheres à frente de entidades nacionais de arquitetura. “Somos muitas que estão, hoje, nessa posição”, diz, analisando, em seguida, essa trajetória.