Ibovespa interrompe alta e cai puxado por construção civil
Principal índice da Bovespa fechou em queda de 0,20%, para 68.257 pontos
15 de março de 2012 - As ações do setor de construção civil ajudaram a segurar o Ibovespa ontem, num pregão volátil. Depois de uma alta de 3,03% na véspera, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 0,20%, para 68.257 pontos.
Brookfield liderou as perdas do indicador, com recuo de 4,8%, para R$ 6,74, após a divulgação de um balanço com números abaixo do esperado pelo mercado. A menor parcela de obras executadas dos empreendimentos vendidos pela Brookfield Incorporações em 2011 em relação à fatia construída dos imóveis comercializados em 2010 fez com que o lucro líquido da companhia caísse 10,1% no ano, para R$ 326,8 milhões, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Cristiano Machado. No quarto trimestre, o lucro líquido recuou 11,5%, para R$ 75,1 milhões.
Em relatório, o BTG Pactual diz que o balanço da empresa no quarto trimestre de 2011 ficou "substancialmente abaixo das expectativas". Para o banco, os resultados sustentam a recomendação "neutra" para as ações da empresa, sobretudo em função de sua rentabilidade abaixo da média (retorno sobre ativos de 11%) e endividamento relativamente alto (dívida líquida sobre ativos de 87%), que deve continuar elevado, já que a companhia deve queimar mais caixa em 2012. A Brookfield teve margem bruta de 30,3% no quarto trimestre do ano passado, ante expectativa de 32,3% do BTG.
Em seguida, a lista de maiores quedas teve B2W Varejo (-3,60%, R$ 9,63), Rossi Residencial ON (-3,36%, a R$ 11,20), Cyrela Realty ON (-3,33%, a R$ 18,83) e PDG Realty ON (-3,10%, para R$ 7,49).
O analista da área de construção da Banif Corretora, Flávio Conde, acredita que o movimento é de realização técnica e não está relacionado aos fundamentos do setor. "O segmento caiu muito no ano passado e, no começo de 2012, disparou. Tem muita gente com o dedo no gatilho esperando o momento de embolsar os lucros", disse.
A realização de lucros deu o tom dos negócios em toda a bolsa nesta quarta-feira. Com o Ibovespa acumulando valorização de 20,5% no ano, especialistas começaram a questionar se as compras não estariam muito esticadas.
José Francisco Cataldo, estrategista da Ágora Corretora, acredita que ainda há muitos riscos pela frente e que o índice deve manter a volatilidade. O nível atual da bolsa praticamente bateu a projeção da instituição de alta para todo o ano. "Mas nós fizemos nossa projeção no meio do ano passado, no meio da crise, e vamos esperar acabar a temporada de balanços para revisar esses números."
Já o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, afirma que a bolsa está cara já há algum tempo. "Apesar disso, o clima nos mercados é de uma expectativa de novas altas. A pequena parada desta quarta-feira acontece pela surpresa com a velocidade da alta de ontem", afirma.
Na contramão, ficaram as ações que andaram menos nos últimos dias, basicamente de empresas ligadas a commodities. As maiores altas do Ibovespa ficaram com Usiminas PNA (5,26%, para R$ 13,39), MMX Mineração ON (3,29%, para R$ 9,72) e Embraer ON (3,28%, para R$ 13,84).
Fonte: Valor Econômico