IGP-10 desacelera e sobe 0,84% em março
Na construção civil, a inflação medida pelo INCC-10 acumula taxas de 1,26% no ano e de 7,42% em 12 meses até março
17 de março de 2011 - A inflação medida pelo IGP-10 de março subiu 0,84% após avançar 1,03% em fevereiro, segundo informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado anunciado ficou dentro das previsões dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE-Projeções, que esperavam uma taxa entre 0,72% e 0,96%, e levemente abaixo da mediana das expectativas (0,85%).
No caso dos três indicadores que compõem ao IGP-10 de março, o IPA-10 teve alta de 0,99% este mês, após subir 1,16% em fevereiro. Por sua vez, o IPC-10 apresentou avanço de 0,59% em março, em comparação com a alta de 0,92% no mês passado. Já o INCC-10 teve taxa positiva de 0,33% em março, após subir 0,42% em fevereiro.
Até março, o indicador acumula altas de 2,38% no ano; e de 11,14% em 12 meses. O período de coleta de preços para o IGP-10 desse mês foi do dia 11 de fevereiro a 10 de março.
Atacado
Até março, a inflação atacadista medida pelo IPA-10, que representa 60% do IGP-10, acumula alta de 2,52% no ano, e registra aumento de 13,67% em 12 meses. De acordo com a fundação, os preços dos produtos agrícolas no atacado registram aumentos de 5,42% no ano e de 28,39% em 12 meses até março, no âmbito do IGP-10. Já os preços dos produtos industriais no atacado mostram aumento de 1,48% no ano e taxa positiva de 8,97% em 12 meses, até março.
A FGV informou ainda que, entre os produtos pesquisados, as altas mais expressivas de preço no atacado no IGP-10 de março foram registradas em café em grão (12,01%); algodão em caroço (11,44%); e milho em grão (4,71%). Já as mais expressivas quedas de preço foram apuradas em soja em grão (-4,41%); suínos (-11,17%); e farelo de soja (-4,66%).
Inflação na agropecuária
A inflação agropecuária perdeu força no atacado. Os preços dos produtos agrícolas atacadistas subiram 2,31% em março, em comparação com a alta de 2,42% apurada em fevereiro, no âmbito do IGP-10. A FGV informou que os preços dos produtos industriais no atacado também não mantiveram trajetória de aceleração. Os preços dos itens industriais atacadistas subiram 0,51% este mês, em comparação com a elevação mais intensa, de 0,70%, apurada em fevereiro.
Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais subiram 0,94% em março, em comparação com a queda de 0,19% em fevereiro. Por sua vez, os preços dos bens intermediários tiveram aumento de 0,67% este mês, após avançar 0,87% em fevereiro. Já os preços das matérias primas brutas apresentaram taxa positiva de 1,48% em março, após subirem 3,10% em fevereiro.
Varejo
Já a inflação do varejo medida pelo IPC-10 acumula altas de 2,43% no ano e de 5,84% em 12 meses até março. O IPC-10 representa 30% do total do IGP-10.
De acordo com a fundação, a desaceleração na taxa do IPC-10, de fevereiro para março deste ano (de 0,92% para 0,59%) foi causada por principalmente pela perda de força na inflação de Educação, Leitura e Recreação (de 2,69% para 0,20%). Isso porque houve o retorno à estabilidade de preços em cursos formais (de 4,16% para 0,00%), no mesmo período.
De fevereiro para março, mais duas classes de despesa apresentaram taxas de inflação menos intensas entre os sete grupos pesquisados pela fundação para cálculo do indicador. É o caso de Transportes (de 2,45% para 1,10%); e de Despesas Diversas (de 1,43% para 0,98%).
Já as outras classes de despesa apresentaram aceleração de preços, ou fim de deflação. É o caso de Alimentação (de 0,54% para 0,57%); Habitação (de 0,44% para 0,53%); Vestuário (de -0,30% para 0,28%); Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,38% para 0,54%).
Entre os produtos pesquisados no varejo, as altas de preço mais expressivas no varejo no IGP-10 de março foram registradas em tomate (15,43%); tarifa de metrô (7,96%) e aluguel residencial (0,75%). Já as mais significativas quedas de preço foram apuradas em alcatra (-4,32%); contrafilé (-5,28%); e filé-mignon (-11,42%).
FGV: Pode haver repasse rápido de alta de alimentos para o varejo
Embora a inflação no atacado tenha desacelerado (de 1,16% para 0,99%), os preços dos alimentos atacadistas continuam em alta, e pode haver repasses rápidos de aumentos de preços para o varejo, na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros.
De acordo com ele, os preços do grupo alimentação dentro do atacado saíram de uma queda de 1,27% para um aumento de 2,03% de fevereiro para março, dentro do IGP-10. Entre os exemplos de produtos que estão com os preços em aceleração estão os alimentos in natura (de 0,29% para 7,33%), cujos aumentos provocam repasses rápidos de elevação para o varejo. "Podemos ter algum impacto imediato no varejo, destes repasses. A transmissão é rápida.
Mas não acho que estes repasses de aumentos de preços vão se manter. Nem todos os alimentos dentro do atacado estão avançando", afirmou, acrescentando ainda que a movimentação dos preços dos alimentos in natura é muito volátil. Ou seja: os preços dos alimentos in natura podem voltar a desacelerar e até mesmo a cair no mês que vem. "Em março, a inflação dos alimentos vai avançar no varejo. Mas pode atenuar nos meses seguintes", resumiu.
Construção
Na construção civil, a inflação medida pelo INCC-10 acumula taxas de 1,26% no ano e de 7,42% em 12 meses até março. O IGP-10 de março - sendo que o INCC-10 representa 10% do total do indicador.
De acordo com a FGV, a desaceleração na taxa do INCC-10, de fevereiro para março deste ano (de 0,42% para 0,33%) foi influenciada por taxa de inflação mais fraca em materiais, equipamentos e serviços (de 0,71% para 0,55%).
A FGV informou que, entre os produtos pesquisados na construção, as altas de preço mais expressivas foram registradas em vergalhões e arames de aço ao carbono (1,83%); condutores elétricos (3,09%); e ajudante especializado (0,22%).Já as mais expressivas quedas de preço foram apuradas em massa de concreto (-0,67%); tubos e conexões de ferro e aço (-0,17%); e tábua de 3ª (-0,17%).
Fonte: O Estado de São Paulo