Imóveis valorizam 240% em seis anos no Grande ABC
Empresários do setor atribuem a expansão à melhora da renda do trabalhador e do investimento em infraestrutura nas sete cidades ao longo desses anos
04 de julho de 2011 - Apartamentos de 50 metros quadrados, considerados econômicos, triplicaram de preços nos últimos seis anos na região. Em 2005, eram vendidos por R$ 50 mil, agora não saem por menos de R$ 170 mil. "Mais do que triplicou. É um ganho bastante significativo para o proprietário", aponta o vice-presidente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC, Milton Casari. A valorização em seis anos é de 240%.
Com expansão mais modesta, mas ainda alta, estão casas térreas com 150 m² de área construída, que custam 170% mais do que há seis anos. Esse imóvel era comercializado por R$ 150 mil e hoje é vendido por R$ 400 mil.
Empresários do setor atribuem a expansão à melhora da renda do trabalhador e do investimento em infraestrutura nas sete cidades ao longo desses anos - o que atraiu as construtoras de peso, que antes só atuavam na Capital paulista.
"Sem contar o alongamento no prazo de financiamento de 20 anos para 30 anos (em 2007, inicialmente pela Caixa Econômica Federal). Esse fator foi decisivo para que o mercado se desenvolvesse no Grande ABC. Quem não tinha condições de adquirir a casa própria, conseguiu realizar o sonho", enfatiza o presidente da associação, Milton Bigucci.
A competitividade entre as instituições financeiras que ampliaram o tempo de financiamento também colaborou com o comprador, que teve juros menores e parcelas mensais que cabem no bolso.
Outro fator positivo que ocorreu nesse período foi a ampliação das linhas de crédito para as construtoras, Há seis anos elas representavam 2% do Produto Interno Bruto. Hoje, chegam a 4%. E muitas empresas abriram capital (colocando ações na Bolsa de Valores), o que contribui para as companhias terem mais dinheiro.
"Com mais verba em caixa, empresários do setor puderam expandir os negócios, oferecer mais imóveis e acelerar o ritmo de construção. Se antes demorávamos entre quatro anos e cinco anos para levantar um empreendimento, hoje isso é feito entre dois anos e três anos."
Em menor proporção, a tendência ainda é de valorização. Com a escassez de terrenos na região, o metro quadrado está cada vez mais caro (não sai por menos de R$ 3.834, em média). "Quem comprou imóvel até 2005, principalmente, ganhou muito dinheiro. Foi uma das melhores aplicações que já vimos", comenta Bigucci.
Tendência
Nos últimos cinco anos, o Brasil tem experimentado uma inédita ascensão social, com o ingresso de cerca de 30 milhões de pessoas na chamada nova classe média. Com mais pessoas comprando e pouca opção de unidades, o resultado foi o aumento exagerado nos preços. Até 2005, o mercado sobrevivia da oferta de imóveis para as classes A e B. "Passou a produzir unidades de dois e três dormitórios, em larga escala, com área útil menor e preço reduzido", explica o economista-chefe do Sindicato da Habitação de São Paulo, Celso Petrucci. Também houve a necessidade de incluir neste padrão boa infraestrutura, com área de lazer e apartamentos com sacadas, inclusive com churrasqueira na varanda, o que antes era destinado apenas às classes com maior poder aquisitivo. Esses diferenciais também pesaram no bolso dos clientes.
O lançamento de programa de moradia popular Minha Casa, Minha Vida (para imóveis de até R$ 170 mil) também contribuiu com a revolução no mercado nacional.
Mercado começa 2011 com menos lançamentos
O mercado imobiliário na região começou o ano com retração. O número de empreendimentos lançados no Grande ABC caiu 27,4% no primeiro trimestre em comparação com os três primeiros meses do ano passado, segundo dados da Acigabc.
No período foram lançadas 1.589 unidades, contra 2.189, na mesma base de comparação. O presidente da associação, Milton Bigucci, considera que a redução era esperada, já que 2010 apresentou excelentes resultados. "Estamos crescendo, mas de forma sustentável e menor."
O foco entre as sete cidades são os imóveis na faixa de R$ 170 mil, pertencentes às famílias com renda menor. "A classe C é a fatia que deve ser abastecida nos próximos anos, já que concentra a maior parcela da população", explica o empresário.
A expectativa da associação é que neste ano o volume de lançamento cresça entre 8% e 10%, na comparação com o ano passado.
Fonte: Diário do Grande ABC - SP