Índice que reajusta aluguel registra deflação de 0,6%
Mas Focus, do Banco Central, mostra que projeção para IPCA sobe de 5,02% para 5,11%
29 de fevereiro de 2012 - O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), indicador usado para reajustar contratos de aluguel, registrou deflação de 0,6% em fevereiro - depois de subir 0,25% no mês anterior. A queda foi puxada principalmente por minério de ferro, alimentos e produtos agrícolas. Com o resultado, o índice passou a acumular alta de 3,43% nos últimos 12 meses, no menor patamar desde abril de 2010 (2,88%), ano que ainda sofria os efeitos das quedas de preços decorrentes da crise global.
Uma taxa em 12 meses próxima de 3% do IGP-M ajuda no combate à inflação, disse Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do Ibre/Fundação Getulio Vargas (FGV).
Apesar de não projetar deflações para os próximos meses, Quadros espera que a inflação acumulada nos 12 meses continue em queda em março. Para ele, o IGP-M do mês não deve ultrapassar o 0,64% de março de 2011.
O minério de ferro, com deflação de 2,94%, foi o item que mais contribuiu para a queda do índice em fevereiro. Os preços dos produtos industrializados refletiram o comportamento do minério, registrando deflação 0,25%. Já os produtos agropecuários recuaram 0,28% em fevereiro. A principal responsável pela virada foi a soja (-0,31%). O Índice de Preços ao Produtor Amplo (60% do IGP-M) intensificou a queda em fevereiro, fechando o mês com deflação de 0,26%, ante recuo de 0,07% em janeiro.
Com um peso de 30% no IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor desacelerou para 0,27%. A inflação menor que o mês anterior se deve principalmente à queda nos preços da alimentação, que passaram de 1,47% para -0,05%. Os combustíveis ajudaram a reduzir a queda dos preços no mês. A gasolina apresentou deflação de 0,47%, enquanto o álcool aprofundou a queda de preços (-1,1%).
A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013, por sua vez, subiu de 5,02% para 5,11%, segundo o boletim Focus, pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com instituições financeiras. Há um mês, a previsão era de 5% e na semana passada teve pequeno ajuste, chegando a 5,02%. O resultado de ontem reflete, para especialistas, o efeito "juro neutro" (considerado uma taxa de equilíbrio para o país sem impacto na inflação), ou seja, a sinalização de que o BC continuará a cortar os juros com a possibilidade de ir além do esperado pelo próprio mercado. Essa possibilidade acendeu o sinal amarelo no mercado, levando a uma avaliação de que esse movimento pode fazer com que a inflação em 2013 não fique no centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%.
Mercado estima juro neutro a 5,5%
Para o economista da NGO Corretora, Sidney Nehme, há sinais de que o BC trabalha com a projeção de 4,5% para o juro neutro. Já o mercado estima 5,5%. Em sua opinião, a previsão do mercado sobre o risco de uma inflação mais alta já estaria refletindo uma queda de braço com o governo, pois os analistas perceberam que o Comitê de Política Monetária (Copom) está determinado a reduzir a Selic a níveis mais compatíveis com a economia brasileira, o que pode impactar os lucros dos bancos.
Na pesquisa, a previsão para o comportamento da taxa básica para o ano que vem mostra leve queda, de 10,5% ao ano, para 10,46% ao ano, na média.
Fonte: O Globo