Indústria de materiais de construção se recupera
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
As indústrias de materiais de construção viveram uma crise aguda nos primeiros meses da pandemia no Brasil. Mas, em agosto, já registraram crescimento de 2,9% no faturamento
04/11/2020 | 14:50 - Em 24 de março, Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, entidade que reúne o setor, relatava em entrevista ao podcast do Portal AECweb, que as empresas haviam adotado férias coletivas, algumas fecharam unidades industriais, o volume de produção caiu, pedidos foram cancelados ou postergados. Passados seis meses, em nova entrevista, Navarro comemora: “O pior já passou”.
De acordo com a pesquisa Índice da Abramat, preparada pela FGV com dados do IBGE, o faturamento deflacionado da indústria, em agosto, registrou alta de 2,9% em relação a julho. Se comparado a agosto de 2019, o aumento é ainda maior, de 9%. “Mas, no acumulado de 2020, ainda estamos negativos em 6,2%”, diz. Há, porém, a expectativa de melhoria até o final do ano, de maneira a reduzir o saldo negativo.
Esses índices consideram o volume de vendas, que cresceu com o investimento dos consumidores em pequenas reformas de suas residências, impulsionando o varejo de materiais de construção. Acrescenta-se o bom ritmo das obras do mercado imobiliário residencial.
Navarro defende que o aumento momentâneo de preços dos itens decorre da elevação abrupta da demanda versus queda na capacidade instalada das indústrias. “Historicamente, temos entre 70 e 75% das fábricas ocupadas. Mas, entre março e maio, essa capacidade caiu para 53%. A recuperação elevou esse índice para 77%, em agosto último, ou seja, mais produção do que havia antes da pandemia”, conta, acrescentando que muitas das unidades fabris fechadas no início da crise já foram reativadas. A previsão de investimentos para os próximos 12 meses, parte da pesquisa regularmente feita pela Abramat às indústrias associadas, sempre esteve em torno de 70%. Chegou a cair para 36% em abril, no entanto, em abril já atingiu 81%, seja para modernização de suas plantas, seja para ampliação da capacidade para atender a demanda.
O desabastecimento de alguns itens também é explicado por Navarro pela necessidade da indústria de ajustar equipamentos, máquinas e pessoal, o que leva tempo. “Teve, também, aumento de matérias-primas para alguns segmentos de produtos e problemas relacionados a câmbio. Para a indústria interessa aproveitar esse momento de retomada e, portanto, a eventual falta de materiais de construção não deve permanecer nos próximos meses”, assegura. A possibilidade de, por demanda de construtoras, o governo decidir por zerar a alíquota de importação de determinados itens, é vista pela Abramat com tranquilidade, mas que deve ser discutida caso a caso.
Por fim, Navarro comenta que nas indústrias foi muito baixo o número de trabalhadores contaminados com o novo Coronavírus e, também, os óbitos.