Inflação do aluguel sobe acima das previsões e soma 10,2% em 12 meses
Puxado pelos preços de alimentos, IGP-M ficou em 1,45% este mês
30 de novembro de 2010 - Pressionada pelos alimentos, a inflação medida pelo índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) subiu 1,45% em novembro, após alta de 1,01% em outubro, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice ficou acima das projeções do mercado, que eram em média de 1,35%. Em 12 meses, o IGP-M, que é o índice mais usado nos reajustes dos contratos de aluguel, acumula alta de 10,27%. Este ano, já subiu 10,56%.
Com peso de 60% no cálculo do IGP-M, o índice de Preços por Atacado (IPA) avançou 1,84% este mês, contra 1,30% em ou¬tubro. As maiores altas no atacado foram de soja em grão, carne bovina, milho em grão e algodão em caroço. O índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,81% em novembro, contra elevação de 0,56% em outubro. O IPC responde por 30% do IGP- M. Os custos do grupo alimentação avançaram 1,91% este mês, contra 1,23% em outubro. As principais elevações de preços no varejo foram de carne moída, batata-inglesa, gasolina, alcatra e chã de dentro. Já o índice Nacional de Custo da Construção (1NCC), com peso de 10% no IGP-M, subiu 0,36%, comparado a 0,15% antes.
Mercado prevê alta da taxa de juros já em janeiro
Com os sinais evidentes de inflação em alta e com as declarações recentes da cúpula do Banco Central (BC), o mercado já aposta numa taxa básica de juros mais alta em 2011. Inclusive, parte dos especialistas prevê que a autoridade monetária vai começar o novo ciclo de aperto monetário mais cedo, em janeiro, já na primeira reunião que deverá ser comandada pelo atual diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini, escolhido pela presidente eleita Dilma Rousseff para comandar a instituição.
Segundo a pesquisa Focus do BC, que semanalmente ouve cerca de 80 instituições, a expectativa é que a Selic - em 10,75% ao ano desde julho - feche 2011 em 12,25%, 0,25 ponto percentual a mais do que o levantamento anterior. Na mediana das estimativas, o mercado ainda aposta que a nova onda de aumentos começará em abril, mas não é difícil encontrar analistas que falem em janeiro. “O quadro de inflação piorou bem porque a demanda doméstica está crescendo muito. Além disso, os preços dos alimentos também estão em alta”, resumiu o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles.
Se isso ocorrer, Tombini estará repetindo o percurso de Henrique Meirelles que, quando assumiu o BC, em 2003, com a chegada de Lula ao Palácio do Planalto, teve de puxar a taxa básica para cima para conter as pressões inflacionárias.
O último Focus mostrou que o mercado espera um 1PCA - que orienta o sistema de metas de inflação - de 5,72% este ano, acima dos 5,58% da pesquisa anterior, e de 5,2% para 2011, acima dos 5,15% anteriores. Ambos se afastam cada vez mais do centro da meta do governo de 4,5% para os dois períodos.
O mercado previu ainda que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) do país crescerá 7,55% em 2010, ante 7,6% anteriormente. Para 2011, a projeção do PIB foi mantida em 4,5%.
Fonte: Ademi - RJ