Já saturados, Tatuapé, Santo Amaro e Lapa terão incentivo para novos prédios
Legislativo inclui 20 bairros na lista que precisam de crescimento ocupacional dentro da macroárea de reestruturação e qualificação urbana
25 de maio de 2010 - Consideradas saturadas em 2002, as regiões do Tatuapé, da Lapa e de Santo Amaro, em São Paulo, vão ganhar incentivos à verticalização. É o que apontam as diretrizes do projeto substitutivo ao Plano Diretor, em discussão há três anos na Câmara. As novas normas serão discutidas hoje entre os 55 vereadores, em reunião fechada.
Ao todo, o Legislativo incluiu 20 bairros entre os que precisam de estímulos para a ocupação de espaços vazios, todos dentro da macroárea de reestruturação e qualificação urbana. Essas novas diretrizes dividem a cidade em cinco macroáreas. Nesse modelo, regiões como Ipiranga, Penha, Santana e Vila Prudente também estão entre aquelas com boa infraestrutura viária e de transportes para receber mais moradores, conforme definido no substitutivo.
Como já preveem as operações urbanas lançadas recentemente pelo governo, o substitutivo ao projeto do prefeito Gilberto Kassab (DEM) ainda tenta induzir o crescimento da cidade ao longo da orla ferroviária, onde existem espaços vazios para a construção de novos prédios, e perto das futuras estações do Metrô e da CPTM. O crescimento dessas áreas ganhou 12 incentivos listados ontem pelo líder de governo, José Police Neto (PSDB), na última reunião da Comissão de Política Urbana destinada a discutir o texto final. Entre elas estão a reorganização do transporte coletivo desses bairros, a implementação do IPTU progressivo para forçar o uso residencial de terrenos ociosos e a outorga onerosa para as construtoras - recurso que possibilita ao construtor o pagamento de contrapartidas financeiras e de meio ambiente para erguer edificações acima do permitido pela lei de zoneamento.
"Nos bairros mais afastados da periferia, a verticalização perto da linha do trem poderá deixar no meio do bairro espaços vazios para a construção de parques. Essa é uma discussão que queremos fazer nesse substitutivo, a partir da amanhã (hoje). Como meio de combater as enchentes nessas áreas podemos debater se não seria interessante aumentar o potencial de verticalização do construtor, conforme ele deixe mais áreas permeáveis em seu terreno", afirmou o líder de governo.
Por outro lado, as diretrizes "congelam" os novos empreendimentos em bairros do centro expandido que enfrentaram forte adensamento populacional e verticalização nos últimos oito anos, como Vila Mariana, Moema, Pinheiros e Perdizes. Para conter o avanço de novos prédios nessas áreas, a Câmara propõe impor contrapartidas rígidas para os polos geradores de tráfego e a manutenção do zoneamento restritivo ao comércio nas ruas residenciais.
Verticalização detalhada
Segundo o líder de governo, a inclusão de bairros como o Tatuapé entre as áreas com potencial de crescimento seguiu a lógica das operações urbanas anunciadas pela Prefeitura. "Consolidamos no substitutivo ações que já vinham sendo tomadas pelo Município", explica Neto.
A definição detalhada de quantos metros quadrados cada uma das regiões da cidade poderá crescer será feita depois que for concluído estudo da Prefeitura e da Secretaria de Transportes Metropolitanos encomendado para definir a capacidade de adensamento em São Paulo. De acordo com a quantidade de linhas de trens, metrô e ônibus que passam nos arredores dos bairros, capacidade das calçadas, deslocamentos entre moradia e trabalho, entre outras variáveis, o levantamento deve apontar quantos habitantes cada bairro pode receber. Nos bairros com maior capacidade de adensamento, um empreendimento que queira construir acima do permitido para a região vai poder pagar como contrapartida uma outorga onerosa ao Município.
Uma primeira versão desse estudo, coordenada pelo urbanista Cândido Malta, foi feita no ano passado. Os dados, contudo, estão defasados com os atuais projetos de transportes e novos cálculos sobre a capacidade de adensamento dos bairros só devem ficar pronta em 20 meses. "Concordo com a necessidade de se definir as macrorregiões. Mas acho que era melhor definir quais bairros devem adensar depois que o estudo técnico estivesse concluído. O crescimento da cidade tem de ocorrer de acordo com a capacidade de transporte existente nesses bairros", defende o urbanista Candido Malta.
Fonte: O Estado de S. Paulo - SP