Lançamentos de imóveis se espalham por todo o Brasil
Imóveis financiados pelos bancos estão mais concentrados na região Sudeste
25 de março de 2010 - As parcerias entre construtoras e bancos têm resultado em lançamentos de imóveis em todo o Brasil, não apenas no eixo Rio-São Paulo. Entre 2008 e 2009, os financiamentos imobiliários, com recursos da caderneta poupança, aumentaram 69,4% na região Centro-Oeste; 22,9% na Sul; 20% na Nordeste; 17,9% na Norte e apenas 5,2%, no Sudeste, segundo dados do Banco Central e Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Apesar dessa expansão, o crescimento havia sido mais acelerado entre 2006 e 2007, quando o mercado imobiliário cresceu, em volume de recursos, 120% na região Norte, 131% no Nordeste, 105% no Sudeste, 56% no Sul e 73% no Centro-Oeste.
O diretor imobiliário do Grupo Santander, José Roberto Machado Filho, afirma que os imóveis financiados pelo banco estão concentrados na região Sudeste. Mas, com a aquisição do Banco Real, há uma penetração maior nas regiões Norte e Nordeste do país. "Nosso foco é continuar crescendo, acompanhando a expansão do banco. Nós manteremos a estratégia de negócio apoiada no financiamento à produção, acompanhando o andamento da obra, e também no financiamento imobiliário diretamente para as pessoas físicas por meio da rede de agências espalhadas pelo país", destaca Machado Filho.
O banco Bradesco também aumentou sua participação no financiamento imobiliário em todo país. No entanto, o Sudeste ainda representa 50% dos valores financiados da instituição. "A tendência é de redução deste percentual nos próximos anos, tendo em vista o crescimento dos demais Estados, principalmente no Norte e Nordeste."
As parcerias do Itaú Unibanco com todas as construtoras, na produção de novos empreendimentos, têm contribuído para a expansão do financiamento imobiliário em outras regiões, apesar de ainda estar concentrado na região Sudeste, segundo o diretor de crédito imobiliário do banco, Luiz Antonio França. "Um grande vetor de crescimento é Brasília", diz França.
O produto financiamento à produção pessoa jurídica (PJ), lançado em 2008, pelo Banco do Brasil começou o ano passado com um saldo em carteira de R$ 112 milhões, encerrando o ano com R$ 1,6 bilhão, contabilizadas as incorporações do Banco do Estado de Santa Catarina e do Banco Nossa Caixa. "Atualmente, São Paulo representa 30% dos negócios do BB", informa a assessoria de imprensa do banco.
A Caixa Econômica Federal também mantém importantes linhas de crédito imobiliário para atender as demandas das construtoras em diferentes regiões do país, com empreendimentos voltados à baixa e à média rendas, mantendo convênios com grandes empresas do setor imobiliário. Primeiro, a instituição verifica se o plano está no foco do banco. A partir daí, é assinado o protocolo para o financiamento do cliente final, realizado na agência da instituição. Ou seja, a Caixa empresta dinheiro para a construtora levantar os prédios e, se necessário, para a pessoa física interessada em comprar a unidade do imóvel que está sendo erguido.
Nos últimos anos, a Caixa tem atuado no segmento de média renda, com taxas de juros atrativas, sem perder de vista o que era feito historicamente para as classes baixas. Na instituição, os financiamentos para imóveis, avaliados em R$ 100 mil, se enquadram ao público de média renda. No histórico de contratações, no ano de 2005, 66% dos financiamentos foram para famílias com renda até 5 salários mínimos. Em 2006, o percentual subiu para 72%. Novo aumento ocorreu em 2007, para 82% e tem se mantido.
Dentro do programa do governo federal Minha Casa Minha Vida, a pedagoga Manuela Cruz, de 29 anos, usou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para quitar parte do apartamento na planta, avaliado em R$ 127 mil, com dois quartos, sala e cozinha. Financiado pela Caixa, em fevereiro deste ano, o valor será pago em 300 meses. "Nos dois primeiros anos, a prestação do financiamento ficou abaixo do aluguel que pago mensalmente. Depois, em 2012, estarei no apartamento próprio, livre do aluguel", diz Manuela Cruz, moradora de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Fonte: Valor Econômico - SP