Lei do Telhado Branco pode agravar aquecimento em São Paulo
A Lei do Telhado Branco, que pretende obrigar os paulistanos a pintar os telhados dessa cor, pode agravar o aquecimento e aumentar o consumo de energia com refrigeração
11 de maio de 2011 - A pintura de todos os telhados da cidade de São Paulo de branco pretende, entre outros objetivos, minimizar a absorção de calor e, consequentemente, reduzir o consumo de energia com o uso de ventiladores e ar-condicionado e o efeito de ilha de calor urbana. Essa medida pode se tornar obrigatória, como prevê um projeto de lei aprovado em primeira votação na Câmara Municipal de São Paulo no fim de 2010. Mas os estudos mostram que a lei pode provocar o efeito contrário.
A razão para isso é que as tintas imobiliárias comuns, à base de água, são muito suscetíveis à colonização por fungos filamentosos, conhecidos como mofo ou bolor, assim como algas e ciabobactérias. Esses microrganismos causam o escurecimento dos telhados e, consequentemente, o aumento da temperatura interna e do consumo de energia dos imóveis.
E se essas tintas forem aplicadas diretamente nos telhados, sem a completa remoção dos fungos do local, esses microrganismos poderão crescer de forma muito mais acelerada entre as camadas de tinta, apontam estudos realizados no Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Deterioração biológica
Nos últimos anos, um grupo da instituição iniciou as primeiras pesquisas no Brasil sobre biodeterioração - a deterioração de materiais de construção civil por fungos demáceos (que possuem melanina na parede celular) e microrganismos fototróficos, que utilizam luz como fonte de energia e produzem pigmentos que causam o escurecimento em ambientes internos e externos dos imóveis, como o telhado e a fachada, deixando-os com a aparência de "chapas de raio X" de edifícios.
A partir de 2007, por meio do projeto "Microbiologia aplicada à ciência dos materiais de construção civil", financiado pela FAPESP no âmbito do programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, eles começaram a estudar a ação desses microrganismos em tintas expostas em diferentes regiões climáticas do Brasil num laboratório de microbiologia aplicada à ciência dos materiais de construção, implantado na Poli com recursos do projeto.
Fonte: Exame - SP