Leilão do edifício A Noite não recebe propostas

Essa é a terceira tentativa de venda do imóvel, que foi estimado em R$ 38,5 milhões

15/07/2022 | 14:25 – A terceira tentativa de venda do edifício “A Noite” falhou mais uma vez, já que nenhuma oferta foi realizada no leilão oferecido pela Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU). O prédio — que virou posse da União em 1940 — ocupa uma área de 29.377 metros quadrados na capital do Rio de Janeiro e foi ofertado por R$ 38,5 milhões.

O leilão foi estruturado a partir da Proposta de Aquisição de Imóveis (PAI), que permite a compra de imóveis da União por pessoas físicas ou jurídicas. Os interessados deveriam seguir um protocolo simples: acessar o portal VendasGov, enviar a oferta e cumprir com as exigências do edital (como o pagamento da caução, equivalente a 5% do valor de avaliação do imóvel). Venceria a oferta de maior valor e caso a proposta apresentada não fosse a vencedora, a caução seria integralmente devolvida.

Batizado com o nome do jornal que abrigava, o edifício de 102 metros de altura foi construído em 1927 e inaugurado em 1929. Idealizado pelos arquitetos Joseph Gire (que também já desenhou prédios como o Copacabana Palace) e Elisiário da Cunha Bahiana, o “A Noite” foi projetado com 22 andares e estilo art-déco. Na época, a construção impressionou a comunidade arquitetônica, principalmente devido ao título de primeiro arranha-céu da América Latina.

O jornal “A Noite”, por sua vez, já existia desde 1911 e a inauguração do prédio marcou um período de prosperidade para o grupo que o comandava. Isso porque o local foi aprimorado, com o tempo, para abrigar mais de uma empresa. Dois exemplos que retratam essa realidade são as companhias aéreas Pan American World Airways e a companhia aérea holandesa Royal Philips Electronics, que também funcionaram no interior do edifício.

Em maio de 1933, o grupo A Noite ampliou os negócios e passou a se chamar de “Sociedade Civil Brasileira Rádio Nacional”, com o prefixo PRE-8. A inauguração da nova fase da rádio nacional aconteceu em 1936, marcada por muito sucesso — até que, em 1940, durante o governo de Getúlio Vargas, o edifício A Noite passou para as mãos da União.

A Sociedade Civil Brasileira Rádio Nacional, então, se tornou uma emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ela manteve as atividades no mesmo local até 2012, quando mudou de endereço. Agora, a EBC reside no bairro da Lapa, também no Rio de Janeiro.

A partir desse momento, o prédio passa por reformas, porém permanece sem uso pela União — e, segundo o Ministério da Economia, gerando custos de mais de R$ 2 milhões por ano, direcionados à manutenção em elevadores, segurança, brigadistas e taxas de concessionárias.