Logística do cimento demanda eficiência
Indústria espera que os investimentos em infraestrutura tomem ritmo maior
29 de setembro de 2009 - Apesar das boas notícias no setor de construção civil, a indústria de cimento ressente-se do impacto da queda contínua de eficiência da infraestrutura do país.
"As perspectivas são de recuperação do crescimento em 2010, mas, a continuar o ritmo atual de investimento em infraestrutura, principalmente nas áreas de energia e transportes, a indústria corre o risco de ser atropelada", adverte Sérgio Maçães, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento.
"A esperada expansão do setor de cimentos nos leva a prever importantes investimentos nos próximos quatro anos no aumento da capacidade. No entanto, se não houver forte pressão na ampliação da infraestrutura não há como garantir a viabilização desses projetos", afirma.
De acordo com Maçães, a médio e longo prazos, a indústria de cimento até que tem sólidos motivos para ser otimista. As vendas e a produção de cimento em 2009 ainda continuarão nos mesmos patamares do ano passado. As projeções são de registrar incremento de apenas 0,3% em relação a 2008, com 51,7 milhões de toneladas.
No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, foram comercializadas 33,1 milhões de toneladas de cimento, um resultado estável se comparável a igual período de 2008. Mas as perspectivas são mais favoráveis a partir do ano que vem, com crescimento podendo se aproximar dos 5%, avalia o presidente do SNIC. "Contudo, essa expansão poderá esbarrar em alguns entraves, e a infraestrutura é o ponto fraco hoje", destaca.
Maçães desenha o cenário que induz a esse temor. A indústria de cimento é uma atividade que integra produção mineral, baseada no calcário, e industrial, incluindo indústrias químicas baseadas em queima de calcário e outros materiais.
Uma fábrica padrão, com capacidade de produzir 1 milhão de toneladas de cimento por ano, consome 1,4 milhão de toneladas/ano da matéria-prima. Não há carência de calcário, mineral de baixo valor, que perde 40% de matéria na queima ao fogo, o que veda a possibilidade de transporte, senão depois de beneficiado.
Por isso, a indústria investe pesado no transporte do minério beneficiado. Uma fábrica com capacidade de consumo de 1,4 milhão de toneladas/ano requer investimentos em torno de US$ 280 milhões.
Além disso, uma fábrica desse porte consome 100 GWh de energia elétrica por ano, consumo equivalente ao de uma cidade de 200 mil habitantes. A indústria espera que os investimentos em infraestrutura tomem ritmo maior.
Fonte: Valor Econômico - SP