Lojas de construção civil têm recorde de visita
Após anúncio do pacote habitacional, procura cresce até 50%, incentivada por subsídios que chegam a 23 mil reais
15 de abril de 2009 - O anúncio do novo pacote habitacional do governo, "Minha casa, Minha vida", causou ontem uma corrida às lojas e sites das construtoras voltadas para o segmento de baixa renda. A procura chegou a crescer 50% nos financiamentos para as famílias com renda de três a 10 salários mínimos (R$ 1.395 a R$ 4.650) e foi recorde histórico de demanda e vendas nas empresas. Muitos consumidores esperaram apenas a divulgação do programa para fechar o negócio. A maior dúvida é em relação aos subsídios, que podem chegar a até R$ 23 mil. Com o aumento do movimento nas lojas, as construtoras já planejam até triplicar o volume de funcionários no atendimento este ano. O cenário vai na contramão da realidade de outros setores que sofrem com a crise financeira global e anunciam centenas de demissões, como o segmento de siderurgia, mineração e aviação.
“A demanda de interessados está enorme. Em alguns horários, tivemos congestionamento nas lojas e cerca de 200 pessoas na fila de atendimento. Estamos batendo recorde atrás de recorde de procura e vendas”, comemora Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, uma das sete construtoras que participaram da elaboração do pacote. A previsão inicial de vendas da MRV para 2009 era de R$ 1,6 a R$ 2 bilhões, mas segundo Menin, os números vão ser revistos para cima, assim como a contratação de funcionários.
A MRV, que está presente em 65 cidades do país e 13 estados, além dos Distrito Federal, estava com planos de aumentar em 20% o quadro de pessoal neste ano, o que representaria mais 2 mil funcionários para a construtora. “Mas com o pacote esse número pode dobrar”, afirma Menin. Ele ressalta que a demanda por imóveis na construtora vem crescendo desde o início do ano, quando o governo anunciou que iria lançar o pacote. No primeiro trimestre de 2009, as vendas da MRV somaram R$ 430 milhões, aumento de 26% em relação ao mesmo período de 2008. “E o segundo trimestre começou mais forte do que o primeiro. Por isso vamos rever nossas previsões”, afirma Menin.
Nas sete lojas da Tenda na Grande BH, a demanda aumentou cerca de 50% nesta semana, em relação a um período normal. A empresa pretende triplicar o número de funcionários no atendimento neste ano, segundo o gerente de vendas, Flávio Ferreira. “Nossas vendas cresceram 50% nesta semana. A previsão é de que aumente de 70% a 80% nos próximos meses”, avalia Ferreira. Segundo ele, o boom imobiliário ocorre agora.
O casal Hebert Leonardo Leal e a mulher, Rosmary Felício de Sousa, fecharam ontem a compra da primeira casa própria. Eles compraram um apartamento de dois quartos em Santa Luzia, na Grande BH. Com as novas regras do pacote, o casal conseguiu economizar R$ 17 mil. “O preço do imóvel é R$ 67 mil, mas pagamos R$ 50 mil. Esperamos o lançamento do pacote para conseguir o desconto”, afirma Leal. O casal espera há um ano e meio para comprar a casa própria. Fizeram a inscrição no Programa de Arrendamento Residencial (PAR), mas não foram contemplados. Eles vão se mudar no ano que vem para o novo imóvel que adquiriram. Pagaram R$ 1 mil de entrada e vão desembolsar R$ 200 mensais de prestação até a entrega das chaves. Em seguida, vão pagar mensalidades de R$ 335. O contrato foi fechado em 25 anos.
Fonte: Estado de Minas - MG