Mais sustentável, bambu ganha força na construção civil
Material pode substituir a madeira em quase todas suas formas de utilização
27 de Janeiro de 2009 - Com a necessidade de repensar o consumo de materiais na construção civil para torná-la mais sustentável, o bambu vem sendo apontado como uma ótima opção. Isso porque além de resistente, o material é altamente renovável. Pesquisador dessa planta desde o início da década de 90, o engenheiro agrônomo Danilo Candia, em sociedade com a paisagista Renata Tili, fundou há pouco mais de dois anos a Bambu Carbono Zero, que dá consultoria e executa projetos em todo o Brasil.
Segundo Candia, o bambu substitui a madeira em quase todas as suas formas de utilização. Nas estruturas de uma edificação ou de um telhado, no revestimento de paredes e pisos e na movelaria, por exemplo. “Para diminuir o uso da madeira na construção civil, precisamos ter substitutos. Estudos mostram que o eucalipto e o pinus, que são as duas espécies de reflorestamento usadas no Brasil, não são suficientes para a demanda do país, porque demoram para crescer. Precisamos de alternativas mais rápidas”, explica.
O bambu, ainda segundo Candia, está totalmente pronto para o corte em até sete anos, enquanto aquelas espécies de árvores levam pelo menos 20 anos. A resistência também surpreende: o material tem uma força de tração similar a do aço.
Candia conta que a empresa tem como inspirador o arquiteto colombiano Simon Vélez, mundialmente conhecido pelo emprego do bambu em seus projetos e grande divulgador das técnicas de uso do material. Na Colômbia, as construções com bambu apresentaram melhor resistência a terremotos que as de concreto.
Daquele país, aliás, a empresa importou tratamentos químicos que avalizaram a durabilidade do bambu, como a autoclave e a imersão em octoborato. Só a garantia da empresa é de 15 anos, ressalta Candia: “Os arquitetos brasileiros gostam do bambu como aparência, mas duvidam dele como estrutura. Mas, com o tratamento em autoclave, o bambu dura o mesmo que um ipê“.
O engenheiro explica que, como o emprego do material está no início, esta ainda não é uma alternativa considerada econômica: “As vantagens são ecológicas e estéticas. Nossos clientes são gente que quer participar de um mundo novo, mais sustentável. E está disposta a pagar por isso“, finaliza.
Fonte: O Globo