Máquina parada e sem operador
Em abril de 2012, Mauriti foi um dos 56 municípios do Ceará a receber uma retroescavadeira do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O objetivo da doação do equipamento, que custou aos cofres públicos R$ 178,8 mil, era facilitar a vida da população de 44 mil habitantes, permitindo a execução de obras de infraestrutura nas estradas vicinais.
Localizado na caatinga cearense, Mauriti apresenta Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na faixa de 0,605, considerado médio, mas abaixo da média nacional.
O município é citado diversas vezes no relatório da Contoladoria-Geral da União que apurou a implantação do PAC Equipamentos no País. Conforme apuraram os técnicos da CGU, ali foi constado que a retroescavadeira não estava sendo utilizada, que não havia sido submetida a todas as revisões previstas no manual de garantia - e, pior, apresentava sinais de má conservação.
A CGU constatou, também, que não havia sido realizada nenhuma obra ou benfeitoria nos 60 dias anteriores à fiscalização. Além disso, nenhum servidor municipal estava em condições de operar a retroescavadeira.
Em Vicentina, no Mato Grosso do Sul, onde a retroescavadeira entregue pelo governo foi repassada pela prefeitura ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural - que cobra pelo uso da máquina -, o prefeito Hélio Toshiiti (PMDB) disse que o equipamento faz falta. "Vamos verificar o que ocorreu. No meu município, as estradas são de regular para boas. Buraco sempre tem, né?", disse o prefeito à reportagem. Questionado sobre que medidas ele poderia tomar para conseguir a retroescavadeira de volta, Toshiiti respondeu: "Essa parte eu não entendo muito. Isso aí (o repasse da retroescavadeira) foi do mandato anterior, não posso falar a respeito. Na realidade, não tive participação nenhuma." Toshiiti era vice-prefeito na época em que Vicentina recebeu o presente do governo federal.
Fonte: O Estado de S.Paulo