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Materiais de construção: Aquisições no Brasil são foco das líderes

Texto: Redação AECweb

Tigre e Amanco, tradicionais concorrentes, vêem boa maré da economia para crescer

19 de março de 2010 - As duas maiores fabricantes de tubos e conexões do Brasil - Tigre e Amanco - fecharam o ano passado acima das expectativas e já esperam um 2010 ainda mais robusto. Depois de faturar R$ 2,3 bilhões em 2009 e ficar empatada com o ano anterior, a Tigre planeja crescer 15% este ano.

A Amanco teve um crescimento de 59% na geração de caixa da companhia em 2009. Os dados da receita ainda não foram consolidados. Para este ano, a expectativa de expansão é de 18% no Lajida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) e 19% no volume.

As duas rivais, com operações na América Latina, agora se voltam para alvos no Brasil, onde pretendem crescer com aquisições de pequenas fabricantes locais.

Depois de um começo de ano tímido em vendas, contaminado pela crise financeira, o mercado de tubos de PVC inverteu a rota a partir do segundo trimestre. A recuperação, no entanto, foi sustentada pelo segmento de habitação - sobretudo incentivado pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

O varejo também deu um impulso importante ao setor, auxiliado pela isenção do IPI sobre materiais de construção. Por outro lado, o setor de infraestrutura ficou abaixo das expectativas e chegou a prejudicar o resultado das empresas.

No caso da líder Tigre, o lucro recuou quase 10% no ano passado, de R$ 151 milhões em 2008 para R$ 137 milhões em 2009. Segundo Evaldo Dreher, presidente da companhia, a queda deve-se justamente ao setor de saneamento e infra-estrutura, que representa 20% do negócio, e teve um desempenho mais fraco no ano passado. Os outros 80% vem da área de habitação. "O segmento do pequeno varejo e casas populares cresceu 10% no ano passado", afirma Dreher. Na Amanco, a evolução do segmento predial em 2009 sobre 2008 foi de 9%.

"Este ano, o o setor de infraestrutura deve ter um volume mais expressivo do que em 2009", afirma Marise Barroso, presidente da Amanco Brasil. A empresa está trazendo para o país um produto novo em PVC para esgoto e transporte de água potável na rede pública - hoje todo o transporte é feito em ferro fundido. "Boa parte de nossa inovação em 2009 esteve voltada ao setor de infraestrutura e agora estamos prontos para atender o mercado", diz Marise.

A disputa entre as duas marcas não termina no Brasil. Ao contrário. Também é bastante acirrada na América Latina. A Tigre está presente em 10 países da região, além dos EUA, e já possui mais fábricas no exterior do que aqui - são 10 no exterior e oito no país. A Amanco engordou sua participação externa e está em 14 países.

Com ambição de ser uma multinacional brasileira, a Tigre está investindo em novas operações internacionais. Abriu uma unidade no Uruguai em outubro e contabiliza avanço de 20% nos negócios fora do Brasil, puxados, sobretudo, pela Colômbia, Peru e Equador, que eram operações pequenas e tiveram um salto mais expressivo. Por outro lado, Chile (terceira operação, depois de Brasil e Argentina) já vinha sofrendo antes do terremoto, porque depende muito da exportação para a Europa e Estados Unidos. A operação americana, onde a empresa mantem uma fábrica, foi afetada não apenas pela crise financeira, como também pelo inverno rigoroso deste ano.

A disputa no terreno da publicidade também é forte. Filmes publicitários das duas marcas se intercalam na programação das grandes redes denunciando a concorrência. A Amanco não divulga investimento em marketing. Já a Tigre, que no ano passado tinha investido R$ 45 milhões na área, alocará este ano R$ 70 milhões em verbas de marketing. "É um valor alto, que dói no bolso, mas vale a pena", diz o presidente. "É importante para ter marca reconhecida e líder."

As grandes se esforçam para se manter no topo de um mercado bastante pulverizado. Com cerca de 50 empresas, o setor de tubos e conexões consome cerca de 415 mil toneladas de tubos tranformados, segundo fontes de mercado, citando dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais e Equipamentos para Saneamento (Asfamas).

O boom dos investimentos em infraestrutura no país elevou a demanda por esse tipo de material em 16% nos últimos dois anos. As principais fornecedoras no país são Braskem, do grupo Odebrecht, e Solvay. A Braskem, que tornou-se a maior petroquímica das Américas, planeja investir para elevar a produção de PVC.

Segundo Sérgio Monteiro, presidente da Corr Plastik, a empresa prioriza a compra de matéria-prima no mercado interno. Do total de resinas utilizadas pela companhia, 95% são de PVC e 5% são polietilenos (PE). "Esse mercado [de PE] ainda é pequeno."

Fonte: Valor Econômico

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