Material de construção é setor em plena expansão
Anamanco registra que setor de varejo cresceu 4,5% no mês de setembro, em comparação com agosto
19 de outubro de 2009 - A redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) de 30 produtos, a chegada de estações mais quentes, como primavera e verão, o fim do ano e o recebimento do 13º salário estão fazendo com que a venda de materiais de construção aumente, nos últimos meses, chegando até a 20%.
De acordo com o último levantamento da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), entidade que representa as 138 mil lojas de material de construção do País, o setor de varejo cresceu 4,5% no mês de setembro em comparação a agosto, e 4% frente ao mesmo período de 2008. A expectativa é de que, até o final do ano, a expansão chegue a 6,5% sobre 2008, quando o setor bateu recorde de faturamento: R$ 43,23 bilhões.
"Isso indica uma retomada das obras, mesmo com o mês de setembro tendo um grande índice de chuvas. Temos que lembrar que, nessa época do ano, as pessoas já começam a preparar a residência para as festas de fim de ano", explica Cláudio Conz, presidente da Anamaco, acrescentando que, para 2010, a associação projeta um crescimento de 10%.
Lojas de varejo de material de construção não têm do que reclamar, já que nos últimos meses as vendas aumentaram, principalmente de produtos para reforma, como tintas, cimento, pias, vasos sanitários, chuveiros e metais.
De acordo com Mauro Florio, diretor de marketing da C&C - Casa e Construção, a redução do IPI foi imprescindível para que o setor não ficasse estagnado, o que gerou um otimismo nos consumidores e desse confiança para investirem na construção ou reforma de suas casas.
Ronaldo da Silva Leal, gerente da C&C de Niterói, diz que as vendas cresceram cerca de 5% desde o início do ano e devem chegar a 10% até o final de 2009, principalmente por causa da chegada das festas de fim de ano e o recebimento do 13º dos trabalhadores.
"Novembro é um mês excepcionalmente bom para vendas no nosso setor. Materiais para reformas devem ter um aumento de vendas de aproximadamente 20%", prevê.
O diretor geral da Leroy Merlin no Brasil, Alain Ryckeboer, considera que a empresa se manteve na contramão da crise e aumentou seus estoques, o que permitiu ter melhores preços para os clientes, aumentando as vendas.
"A queda do IPI em uma série de produtos ajudou a manter o consumo. No entanto, nós, da Leroy, resolvemos investir em produtos, mão-de-obra e novas lojas. Com isso conseguimos atender aos nossos clientes da construção, reforma, decoração e jardinagem, e oferecemos preços acessíveis", declarou Ryckeboer, acrescentando que a empresa vai inaugurar, no próximo dia 28, sua primeira loja em Niterói, no Barreto. O diferencial é que será a primeira loja comercial do País a receber o certificado de ecossustentável.
Pesquisa
Para a técnica de Enfermagem Lucimar Correia, de 34 anos, a redução do IPI em produtos como cimento e tinta fez com que a obra de sua casa, em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, tenha sido acelerada.
"Foi visível a diminuição do preço de alguns produtos, e isso deu para dar uma acelerada na obra. Estamos esperando a casa ficar pronta para casar", disse.
O casal de autônomos Mary, de 39, e Juarez Monteiro, 40 anos, aproveitaram a última sexta-feira, acompanhados da filha Marcela, de 4 anos, para comprar produtos de acabamento para a casa que estão construindo em Pendotiba.
"Ao longo do ano, os produtos tiveram uma redução do preço. É necessário procurar para encontrar o preço mais em conta, mas deu para perceber que produtos como piso e tintas baixaram de preço, o que é muito bom não apenas para quem está construindo como para quem quer reformar", concordaram.
Preços
Promoções e formas de pagamento também fazem com que os consumidores mantenham o setor aquecido. Na C&C, aceita-se até seis parcelas no cartão de crédito. Entre os produtos em promoção estão a ducha Gorducha Corona, de R$ 49,90 por R$ 37,90 e tinta Metalatex litoral de 18 litros, de R$ 236,40 por R$ 199,90.
Indústria busca recuperação
Ao contrário dos revendedores de material de construção, a indústria ainda não teve tão bons resultados assim em 2009. Pelo quarto mês consecutivo, de acordo com o Índice de Vendas elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), houve crescimento no faturamento no mercado interno, que chegou a 1,28% em agosto, comparado a julho. No entanto, o resultado acumulado nos últimos 12 meses, com a influência da crise financeira internacional, representa queda de 7,74%.
O quadro de melhoria constante, desde maio, se deve em parte às medidas de estímulo anunciadas pelo governo, como a ampliação da redução do IPI - inicialmente valeria de março a julho e foi estendida até 31 de dezembro - para materiais de construção e o início da implantação do programa "Minha casa, Minha vida".
Para o presidente da Abramat, Melvyn Fox, o crescimento nos últimos meses é sinal da recuperação do setor. "O ano passado foi atípico; vínhamos crescendo fortemente, mas a freada a partir do último trimestre nos levou de volta aos patamares de 2007. Apesar disso, nos últimos quatro anos o setor tem crescido, e agora é possível planejar melhor e manter essa ascensão de maneira sustentada", explica Fox. A previsão de fechamento para 2009 foi revisada, pela associação, para 5% abaixo de 2008, mas 8% acima de 2007.
Lista inclui 30 itens
Em março foi anunciada a redução do IPI de 30 itens de material de construção, com objetivo de estimular o segmento da autoconstrução e causar um impacto positivo na cadeia da construção civil, já que em abril entraria em vigor o programa "Minha casa, minha vida".
A lista inclui cimento, que caiu de 4% para zero; massa de vidraceiro passou de 10% para 2%; produtos utilizados em pinturas, de 5% para 2%; aditivos preparados para cimentos, argamassas ou concreto, de 10% para 5%; e disjuntores, de 15% para 10%.
Entre os produtos cujas alíquotas passaram de 5% para zero estão: tintas e vernizes; revestimentos não refratários do tipo dos utilizados em alvenaria; argamassa e concreto para construção; banheiros, boxes para chuveiros, pias e lavatórios de plástico; assentos e tampas de sanitários de plástico; caixas de descarga e artigos semelhantes de plástico; pias, lavatórios de porcelana e cerâmica; grades e redes de aço; pias e lavatórios de aço inoxidável; fechaduras, ferrolhos, cadeados e dobradiças; válvulas para escoamento e outros dispositivos dos tipos utilizados em banheiros e cozinhas; chuveiro elétrico e vergalhões.
"A redução do IPI está em vigor até o dia 31 de dezembro deste ano, mas estamos trabalhando o adiamento do prazo, pois diferentemente do que aconteceu com os automóveis e linha branca, ela não valeu imediatamente para os nossos estoques", explica Cláudio Conz.
É que as lojas trabalharam com um preço médio, porque os estoques ainda estavam com mercadorias com o IPI antigo. Os produtos do setor ficam, em média, de 60 a 90 dias em estoque.
Fonte: O Fluminense-RJ