Matérias-primas mais caras anulam efeito de IPI reduzido na construção
Tendência era de que os preços destes produtos caíssem ainda mais para o consumidor final
12 de agosto de 2009 - O aumento dos preços das matérias-primas no exterior está pressionando os valores dos materiais de construção no Brasil, que deveriam passar por um momento de queda de preços, devido à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
De acordo com o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Elias Conz, os empresários estão trabalhando "no limite" e não vão conseguir segurar o repasse do aumento de preços internacionais para os consumidores.
"O PVC (policloreto de vinila), por exemplo, teve reajustes superiores a 23% em menos de 30 dias no mercado internacional. O mercado interno, por sua vez, iniciou há 60 dias a retomada dos preços, acumulando repasses de 14%, com perspectivas de novos aumentos para os próximos meses", disse Conz, sobre o material usado na fabricação de tubos e perfis na construção civil.
Outras matérias-primas
Alumínio, zinco e cobre também estão registrando aumento de preços, segundo exemplificou o presidente da Anamaco. "Isso significa que produtos como metais e canos de PVC devem ter um aumento de 20% até outubro, justamente agora que a redução de IPI começa a ser repassada integralmente para o consumidor".
Ele explicou que, com a redução do IPI em abril deste ano, produtos como cimento, tinta e cerâmica tiveram uma redução média imediata nos preços de 8,5%.
"As lojas tiveram de trabalhar com um preço médio, porque os estoques ainda estavam com mercadorias com o IPI antigo e, em contrapartida, o consumidor já estava solicitando o desconto no balcão. Agora que cerca de 70% dos estoques antigos já giraram, a tendência era de que os preços destes produtos caíssem ainda mais para o consumidor final, mas, com este novo quadro, essa diminuição dos preços não deve acontecer", explicou.
O cenário de aumento de preços internacionais e seu impacto nos materiais de construção serão tratados pela Anamaco em reunião a ser realizada na quarta-feira (12) pelo Grupo de Acompanhamento da Crise, criado pelo Governo Federal.
Vendas
De acordo com a Anamaco, as vendas no varejo de materiais de construção cresceram 4,5% em julho, sendo que a alta havia sido de 5,5% em junho deste ano. No acumulado do ano, a alta foi de 1,5%.
Conz disse que as chuvas, que atrasam a realização de reformas, e o fato de as crianças ficarem um maior período de férias em casa, por conta da gripe A (H1N1), podem ter sido as razões para a desaceleração das vendas de materiais de construção entre junho e julho. Para o ano, a entidade espera um crescimento nas vendas de 6%.
Fonte: Infomoney - SP