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Mercado de construção civil sofre com a falta de profissionais capacitados

Texto: Redação AECweb

Ritmo de crescimento do mercado de engenharia na primeira década dos anos 2000 foi de aproximadamente 3,5%

01 de julho de 2011 - A proximidade de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo, desperta interesse comercial em todos os setores da economia. Alguns, no entanto, são impactados de maneira direta e decisiva. É o caso da construção civil. Além da construção de estádios, ginásios e piscinas, um evento esportivo de grande porte exige ampliação da infraestrutura em hotelaria, transportes e mesmo prestação de serviços.

"No Rio de Janeiro, você terá a construção de complexos esportivos, por causa das Olimpíadas (de 2016). Aqui no Distrito Federal, as principais obras serão na área de infraestrutura", afirma o chefe do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental de uma universidade pública, Sérgio Koide. Entre as reformas anunciadas até o momento, estão a ampliação do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek e a construção do Estádio Nacional (no lugar do antigo Mané Garrincha).

Koide afirma que o mercado já sente uma carência de profissionais capacitados. "O aquecimento da construção civil atinge todos os campos e níveis de especialização. De serventes e pedreiros a gerentes de incorporadoras, nos deparamos com a falta de mão de obra, o que pode causar atrasos", alerta.

O deficit de profissionais na área chamou a atenção do administrador Márcio Zaidan, 35 anos, que resolveu fazer uma segunda graduação, em engenharia civil.

"Uma obra como a do estádio (Mané Garrincha, futuro Estádio Nacional) envolve muitas companhias, traz outros investidores de fora para a capital", acredita Márcio, que também tem uma pós-graduação em construção civil. Para ele, os cursos são complementares. "Um engenheiro precisa saber administrar, por exemplo, quando vai lidar com obras de grande porte."

Poucos graduados

Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no último mês de março mostra que o ritmo de crescimento do mercado de engenharia na primeira década dos anos 2000 foi de aproximadamente 3,5%. Se a taxa se mantiver nos próximos dez anos, o instituto aponta uma possível falta de mão de obra especializada em todas as áreas do mercado.

A tendência ressaltada pela pesquisa já pode ser observada no mercado local. Devido ao excesso de demanda e à complexidade das obras projetadas para a região, nos últimos anos, as empresas têm optado por trazer profissionais de fora. "Empresas do eixo Rio-São Paulo estão se instalando aqui (no DF) e abrindo seus nichos de mercado, oferecendo serviços que não existiam por aqui até então", explica Li Chong Lee Bacelar de Castro, coordenador da pós-graduação em engenharia de uma faculdade particular na Asa Sul. Entre esses serviços, ele cita o concierge - profissional que faz a mediação entre investidores e construtoras - e os procedimentos express, que facilitam a vida dos empresários em viagem.

Oportunidades

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Brasília (Sticmb-DF), Raimundo Salvador da Costa Braz, afirma que a remuneração dos funcionários no Distrito Federal é bastante superior à média nacional.

O profissional com um simples curso de capacitação já entra no mercado ganhando cerca de R$ 1 mil, além de benefícios como seguro-saúde, refeições e vale-transporte. Com curso técnico em segurança, edificação ou de formação de projetistas, o salário-base sobe, podendo chegar a R$ 2,5 mil. Para os estudantes recém-formados em um curso superior de arquitetura ou engenharia, o mercado é ainda mais promissor e paga, aos iniciantes, salários acima de R$ 5 mil.

Na opinião de Raimundo, a duração da graduação (no mínimo 4 anos) não é um problema. "O Mundial deixa como legado esse aquecimento no mercado da região. Mesmo depois do evento, esses profissionais vão ter espaço pra trabalhar", garante. Até quem nunca segurou um martelo ou um alicate pode ingressar rapidamente no mercado de trabalho. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) deve abrir uma série de cursos de curta e média duração já no segundo semestre de 2011.

"É preciso destruir esse preconceito com relação às profissões mais fabris, como pedreiro, azulejista, pintor de paredes", diz Romerito Lima, diretor de educação profissional do Senai-DF. Segundo Romerito, ex-torneiro mecânico, a qualificação básica pode ser o trampolim para outras oportunidades de trabalho menos braçais.

A inscrição para os cursos técnicos de longa duração - em edificações ou segurança do trabalho - já está encerrada para as turmas deste ano. Novas vagas serão abertas em 2012.

Para quem já trabalha na área, o Senai oferece também uma certificação pessoal nas áreas de eletricista predial e pedreiro. Para obter o diploma, basta fazer uma prova teórica e um teste prático, em qualquer época do ano.

Na opinião de Romerito, a valorização desses profissionais é um desafio a ser conquistado. "Aqui no Distrito Federal tem muita vaga, é preciso ensinar as pessoas que bons profissionais se dão bem e ganham dinheiro, em qualquer área de atuação", defende. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-DF) deve abrir, a partir de outubro, inscrições para o curso técnico de segurança do trabalho. Com oito meses, o estudante recebe o diploma de brigadista de incêndio e, ao fim de um ano e meio, a habilitação em segurança.

Já o Governo do Distrito Federal deve colocar em prática, ainda este ano, o projeto Qualificopa, que tem como objetivo profissionalizar cerca de 170 mil pessoas até 2014 em todas as áreas de atuação. Em 2011, serão 1,5 mil vagas para gesseiro, bombeiro hidráulico, marceneiro, azulejista, pedreiro e auxiliar de pedreiro, entre outros cargos.

Fonte: Correio Braziliense - DF

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