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Mercado de equipamentos avança na medida em que aumentam as obras

Texto: Redação AECweb

Recuperação fará o segmento crescer pelo menos 24% em 2010

01 de dezembro de 2009 - Começa no Brasil uma corrida por equipamentos de construção. No eixo Rio-São Paulo, a demanda já é superior à disponibilidade e máquinas são alugadas em outras cidades.

O aquecimento da economia reativou o mercado de obras residenciais, que havia estagnado em setembro do ano passado. Essas construções, somadas aos trabalhos de infraestrutura, levaram o setor aos mesmos níveis de demanda do pré-crise.

De acordo com um estudo do mercado brasileiro de equipamentos de construção, realizado pela Sobratema, a recuperação fará o segmento crescer pelo menos 24% em 2010 - o que representa a venda de quase 10 mil aparelhos a mais que este ano.

Segundo o empresário Vasco Pigato, dono da Loqmaq, do segmento de aluguel de máquinas e andaimes, o mercado estava com baixa procura até julho, quando a demanda por equipamentos teria iniciado uma trajetória de retomada.

"Nessa época, começou uma reação e, em novembro, chegamos aos níveis de 2008. Agora, começou a temporada de escassez de máquinas e profissionais qualificados", explicou Pigato.

O problema já foi sentido por Augusto Reis, diretor do empreendimento Jardins Mangueiral, obra realizada em São Sebastião, no Distrito Federal, pela Bairro Novo - do grupo Odebrecht. "Antes da crise, estava difícil conseguir máquinas. Os preços haviam subido muito. No fim de 2008, ficou mais fácil. Mas agora voltamos à mesma dificuldade."

Vagas
Quando as obras do Jardins Mangueiral começaram, em setembro, havia quatro vagas para operar retroescavadeira, mas somente dois profissionais se apresentaram para o serviço.

Um deles, Raimundo Adailton Batista Correa, 36 anos, veio do sul do Maranhão para o trabalho. "Na época ficou muita máquina parada, sem funcionar. Mas esse mercado é difícil mesmo. A pessoa tem de ter carteira A e D, além de um curso do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial)", explicou o operador que é funcionário da Odebrecht desde 1995.

A demanda no Rio e em São Paulo cresceu tanto que empresas que atuam nas duas cidades estão em busca de máquinas em Minas Gerais, Brasília e outras regiões.

"Está ocorrendo um boom de construção de prédios no Rio e em São Paulo. Eu tenho duas máquinas em cada cidade. Se tivesse dez, teria mandado todas", disse Pigato, que já vê expansão também no Distrito Federal. "Aqui já estamos notando um crescimento de obras particulares. Logo, logo, vai ficar igual a antes da crise", previu.

De acordo com o diretor comercial da construtora JCouto, Juliano Cortez, o mercado brasiliense já se recuperou em cerca de 80% em relação à época da crise, no fim do ano passado.

"Já melhorou bastante. Tenho subempreitado algumas obras e, como a demanda cresceu, também loquei muitos equipamentos para terceiros", disse. Segundo ele, o mercado de construção e de equipamentos deve crescer muito nos próximos anos em função da Copa do Mundo, das Olimpíadas e, no caso das máquinas, graças aos juros mais baixos em financiamentos.

Brasil cresce e surpreende
O setor de construção brasileiro seguiu em sentido contrário ao resto do mundo. De acordo com dados da Off-Highway Research, consultoria especializada na analise internacional do setor de construção, a venda de máquinas no mundo caiu, em média, 46% entre 2007 e 2009 - reflexo direto da crise financeira sob o mercado imobiliário. Segundo outra consultoria, também especializada no setor, a Sobratema, o Brasil andou na contramão dessa queda e cresceu 15% em igual período.

Mesmo diminuindo a diferença entre os mercados brasileiro e os de grandes países, a bandeira verde e amarela ainda é uma fatia pequena da demanda mundial por esses produtos, apenas 2,5% do total.

"O mercado brasileiro pode crescer 3,5% até 2013, comparado com o mundial. Parece um incremento pequeno, mas na verdade é grande. O Brasil pode vir a dobrar de tamanho", avaliou o economista e pesquisador Brian Nicholson, um dos responsáveis pelo estudo da Sobratema.

Na pesquisa, as obras em infraestrutura figuraram como as principais responsáveis pelo nível de demanda brasileiro. Para José de Freitas Mascarenhas, presidente do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Industria (CNI), o país poderia ser outro se recebesse mais investimentos.

"Deveríamos estar investindo pelo menos 5% do produto Interno Bruto (PIB, soma de tudo que o país produz) ou mais se quisermos chegar a qualidade de países desenvolvidos", afirmou.

Fonte: Correio Braziliense - DF

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