Mercado de grandes obras reage à pandemia de Covid-19
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Obras que foram desaceleradas já retomaram o ritmo e alguns segmentos voltaram a encomendar projetos para novos empreendimentos. Mas, o desabastecimento e elevação do preço do aço e do cimento preocupam
30/10/2020 | 16:19 - Ameaçado pelo novo Coronavírus, da noite para o dia, o Brasil acordou em meio a anúncios de quarentena – que logo poderia se transformar em lockdown – e um amplo leque de normas sanitárias. Ninguém estava preparado. “Imagine a dificuldade que foi, diante de algo tão novo, ter que criar protocolos sanitários inéditos e, às vezes, experimentais para os canteiros de obras – alguns em locais remotos –, muitas vezes com o pessoal alojado ou se deslocando de transporte público”, conta o engenheiro Marcos Santoro, diretor-executivo da Mutual Engenharia em entrevista ao podcast do Portal AECweb.
Durante o primeiro mês, a partir do final de março, a construção civil ficou submetida às instruções das autoridades sanitárias e a maioria desacelerou, o que deve alterar prazos e datas de inauguração. “Na Mutual, tivemos apenas um cliente que, logo no início de abril, descontinuou o projeto”, lembra, dizendo que a partir de julho o ritmo das obras foi sendo retomado. Ainda melhor: as propostas, estudos e orçamentos voltaram, especialmente de novos empreendimentos dos setores logístico, farmacêutico e alimentício.
“Já há demanda de centros de distribuição para novos projetos e contratação de obras, em decorrência da expansão do e-commerce. As obras de indústrias farmacêuticas e de alimentos não pararam. Para se ter uma ideia, no meio da quarentena, a Mutual conquistou dois contratos de obras nesses dois segmentos”, revela, indicando que um deles é de mais uma unidade da rede Atacadão. Santoro comenta que a área de shopping centers foi uma das mais afetadas, o que pode ser constatado, no mercado, com as obras que entraram em ritmo lento. O mesmo ocorre com a de hospitais, que ficaram voltadas para a Covid-19, com reduzido atendimento às demais doenças.
No rastro da crise sanitária e econômica, cria tensão entre as construtoras o desabastecimento do mercado doméstico e aumento de preços de vários itens, mas principalmente do aço e do cimento e seus derivados. “Os preços do aço subiram fortemente e com pressão para subir mais”, diz. Produtos que utilizam o cobre, como cabos e fios elétricos, e tubulações de água quente, também estão com preços majorados.
Marcos Santoro considera que a pandemia vai deixar para o setor uma nova cultura de boas práticas de higiene e saúde nos canteiros. Inicialmente impostos pela necessidade de proteger os trabalhadores, os protocolos vieram para ficar. Além disso, ele defende que o trabalho em home office, que se mostrou viável e produtivo, traz o ganho adicional de evitar deslocamentos de carro pelas cidades, reduzindo a queima de carbono. “O Planeta agradece”, ressalta.