Mercado imobiliário seguirá caindo, diz estudo
Conclusão é de um estudo divulgado pelo Centro Unificado para Estudos sobre Habitação, da Universidade Harvard
23 de junho de 2009 - O desemprego e o endividamento dos consumidores estão deixando a casa própria fora do alcance de compradores potenciais, mesmo num momento em que os preços das residências nos EUA retornam aos níveis de 2003.
A conclusão é de um estudo divulgado ontem pelo Centro Unificado para Estudos sobre Habitação (Joint Center for Housing Studies), da Universidade Harvard.
"Ainda não surgiram indícios claros, e as perdas de postos de trabalho e o fluxo constante de retomadas judiciais de imóveis estão mantendo muitos mercados sob pressão", escreveram os pesquisadores. "As vendas de casas novas e usadas continuam caindo."
O boom na construção e as baixas taxas de financiamento habitacional alimentaram uma forte expansão imobiliária por cinco anos. O número de domicílios que destina mais da metade da sua renda para habitação saltou de 13,8%, em 2001, para 17,9% em 2007.
O governo federal agora tenta estabilizar o mercado oferecendo incentivos às instituições de crédito para que alterem os termos dos financiamentos em atraso. O Fed (banco central dos EUA) se comprometeu a comprar até US$ 1,25 trilhão em títulos lastreados em financiamentos imobiliários para liberar recursos para empréstimos para novas residências.
Quando a recuperação chegar, imigrantes e crianças nascidas na geração "baby-boom" pós-Segunda Guerra deverão liderá-la, disseram os pesquisadores de Harvard.
A chamada geração de "echo-boomers" (filhos dos "baby-boomers") ajudará a manter a demanda robusta pelos próximos 10 anos e além, à medida que atingirem a faixa etária de 25 a 44 anos, de acordo com o relatório.
"Mesmo sob a premissa de baixa imigração, as minorias alimentarão 73% do crescimento residencial entre 2010 e 2020, sendo que os hispânicos liderarão esse contingente em 36%", diz o estudo.
Famílias de imigrantes foram mais duramente atingidas pela recessão e o colapso habitacional do que os brancos, segundo o relatório. A taxa de desemprego dos negros em abril foi de 15%, na comparação com 8% para brancos, disse o relatório. Nos bairros de minorias de baixa renda, a taxa de reto-mada judicial de imóveis foi de 8,4% contra 6,3% nos bairros brancos de baixa renda, no período de janeiro de 2007 a junho de 2008.
Mesmo num momento em que a queda nos preços torna as residências mais acessíveis, perduram as barreiras para comprar, incluindo a necessidade de obter financiamento para a casa própria, à medida que os agentes financeiros exigem entradas maiores e rendas mais elevadas para reunir os quesitos necessários para se obter um financiamento imobiliário, diz o relatório.
"O mercado da casa própria continuará enfrentando dificuldades até a crise das retomadas judiciais terminar", diz o relatório. "Apesar de novas iniciativas federais poderem evitar que milhões de pessoas percam suas moradias, as crescentes perdas de postos de trabalho provavelmente manterão o nível de retomadas judiciais em patamares elevados".
Fonte: Valor Econômico - SP