Minha Casa, Minha Vida passa por dificuldades de implantação no Recife
O programa federal é considerado como inviável no Grande Recife pela baixa oferta de imóveis novos na faixa limite do programa, de R$ 130 mil
15 de outubro de 2010 - O programa Minha casa, minha vida é praticamente inviável na Região Metropolitana do Recife (RMR). A aceleração do preço do metro quadrado na capital, a pouca oferta de terrenos disponíveis e a péssima infraestrutura nos bairros distantes minaram o programa no Grande Recife.
Pernambuco entregou por volta de 3 mil imóveis do Minha casa, de 44 mil previstas, praticamente nada para a baixa renda. Os empresários consideram o Recife excluído da iniciativa federal, caso o programa não seja revisto.
O mercado considera impossível ofertar, na capital, apartamentos para a faixa de renda mais baixa do Minha casa, minha vida, a que vai até três salários mínimos - imóveis R$ 60 mil. Até na faixa limite do programa, de R$ 130 mil, a situação é complicada.
Não se trata de problema de bairros nobres como a Madalena, onde um apartamento novo, de 50 m²,já chega a R$ 170 mil, mais de R$ 3 mil o metro quadrado. "As construtoras do Recife se acostumaram a construir nas áreas mais nobres. Se quiserem entrar no programa, têm que ir para a periferia. Nos bairros mais afastados, ainda se vê alguns projetos enquadrados", comenta o diretor da Poupec Empreendimentos, Ricardo Serpa.
A Poupec chegou a emplacar projetos com apartamentos de 61 m² a R$ 110 mil em Candeias, Jaboatão dos Guararapes, e de R$ 120 mil em Jardim São Paulo, com áreas de 50 m² a 60 metros quadrados. Mas, atualmente, entre seus lançamentos só há os bairros de Boa Viagem e Madalena.
"O grande problema do Recife é terreno. Construções a preços mais acessíveis exigem escala, pelo menos 200 unidades, para diluir custos com administração, por exemplo", continua Serpa.
Empresa de menor porte, a construtora MDL Empreendimentos tem como único projeto à venda um edifício com apartamentos de 3 quartos, área de 64 m² e preços a partir de R$ 158 mil na Lagoa do Araçá, Imbiribeira. O diretor da MDL,
Marcos Lucena, diz que não era possível ter um metro quadrado mais barato justamente por causa dos preços dos terrenos.
"Para encontrar uma área mais barata (para construir), tem que rodar. E vai terminar em um bairro muito afastado, o que faz o projeto ser inviável do mesmo jeito", diz Lucena.
Fonte: Jornal do Commercio - PE