Ministro ameaça zerar Imposto de Importação sobre o aço
Estratégia é forçar as usinas a manter os valores atuais
22 de setembro de 2009 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ameaçou zerar o Imposto de Importação sobre o aço se houver aumento nos preços do produto no Brasil.
De acordo com ele, a alíquota de importação sobre o aço, antes inexistente, foi fixada nos atuais 12% porque os valores praticados internamente haviam caído. Agora, o governo poderá reduzi-la "de modo a fomentar a concorrência". A estratégia é forçar as usinas a manter os valores atuais.
"Andei vendo o preço do aço se movimentando. Se houver aumento, nós reduziremos a alíquota de importação, e esta redução pode chegar a zero", afirmou Mantega ontem após palestra na FGV (Fundação Getulio Vargas).
Ele disse que o aumento não se justifica, uma vez que as siderúrgicas estão operando com capacidade ociosa e que "está sobrando aço no mundo".
Relatório da corretora Link Investimentos, publicado no começo deste mês, indicou que a Usiminas elevou, já a partir de setembro, os preços do aço plano entre 10% e 12%. A CSN também já teria anunciado aos seus clientes um reajuste de 13%. O relatório da corretora cita fontes do mercado.
Ontem, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, porém, negou que tenha havido elevação para a indústria. Segundo ele, Mantega se precipitou.
"Não houve aumento no preço do aço para a grande indústria." Steinbruch disse que a única elevação ocorrida foi no valor do produto vendido para as distribuidoras e, mesmo assim, para recompor parte da queda registrada durante o ano passado.
Indústria automotiva
Para o ministro da Fazenda, a queda nos preços do aço ocorrida ao longo deste ano foi importante para alavancar as vendas da indústria automotiva durante a crise.
"A queda foi benéfica. Isso sustentou a redução do preço dos automóveis novos, que tem ficado abaixo da inflação há vários anos consecutivos. Portanto, (o preço) estava bem-comportado." Para o ministro, poderia haver mais uma redução nos preços.
O aço tem grande impacto na indústria automotiva, a segunda maior compradora das siderúrgicas. Um eventual aumento poderá deixar os carros novos mais caros.
Também bastante dependente do produto, a construção civil já reagiu às siderúrgicas. A Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) convocou no mês passado seus associados a formar um pool para adquirir, conjuntamente, vergalhões de aço no exterior. A ideia da entidade é que a indústria consiga obter preços mais competitivos.
Fonte: Folha de S. Paulo - SP