Mutuário teme falta de crédito imobiliário
Entidades dizem que mudança em regras pode provocar fuga da poupança e afetar fundo para empréstimos habitacionais
18 de maio de 2009 - Mutuários e empresas que negociam imóveis se dizem temerosos dos problemas que a tributação da poupança pode trazer ao setor. Para a ABMH (Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação), a idéia de cobrar imposto das cadernetas que possuem acima de R$ 50 mil pode fazer com que os grandes investidores saiam dessa aplicação, diminuindo os recursos disponíveis para os empréstimos.
Pela lei, 65% do dinheiro que é depositado na poupança deve ser direcionado ao financiamento imobiliário. "Isso atingiria especialmente quem pensa em comprar residências de maior valor", diz Lúcio de Queiroz Delfino, diretor da entidade. "Então, esse público teria que migrar do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e rumar para o SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário), que cobra taxas de juros mais altas, pois capta recursos com a venda de títulos no mercado financeiro."
Na opinião de Delfino, uma eventual escassez de fundos para o SFH só aconteceria a partir do segundo semestre, quando as regras das mudanças que o governo federal vai realizar nas poupanças e nos fundos de investimento já estiverem mais claras e os investidores passarem a fazer os cálculos para saber onde devem colocar o seu dinheiro.
Em 2008, segundo o Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) teve captação líquida de R$ 13,9 bilhões e aplicou R$ 30 bilhões em crédito imobiliário. "Caso o volume diminua, a busca de alternativas ao SBPE pode levar ao aquecimento do mercado secundário de crédito", avalia Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi, referindo-se ao SFI.
Mesmo quem ficar no SFH tende a enfrentar dificuldades em relação aos juros que paga no seu empréstimo. Como a poupança garante, para o investidor, rendimento mínimo de 6% ao ano, a taxa cobrada de quem toma esses recursos para comprar a casa própria também não pode ficar abaixo de tal nível.
Atualmente, a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, encontra-se em 10,25% ao ano -foi cortada em 3,5 pontos percentuais desde dezembro. Devido ao desaquecimento que a crise econômica mundial deve provocar no Brasil, espera-se que essa taxa de referência chegue ao final do ano ainda menor.
Todas as modalidades de crédito acompanham a trajetória da Selic. No caso do habitacional, entretanto, a redução tem o limite do rendimento da poupança. Esse é mais um motivo pelo qual o governo mais cedo ou mais tarde terá que mexer nesse retorno, afirmam especialistas.
Luiz Antonio França, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), diz que não existe o temor de uma fuga de recursos da poupança para outras aplicações. "É necessário levar em conta o perfil do investidor na caderneta: ele é fiel e gosta de estabilidade e do rendimento certo oferecido."
Segundo o executivo, os juros cobrados nos financiamentos habitacionais nunca tiveram uma relação muito próxima com a Selic. "Se não fosse assim, imagine a situação do mutuário nos tempos de taxa acima do patamar de 20% ao ano", afirma. "Daqui a alguns anos, quando o país tiver uma Selic em 4%, o sistema também terá mudado bastante, é claro."
Fonte: Folha de S. Paulo - SP
18 de maio de 2009 - Mutuários e empresas que negociam imóveis se dizem temerosos dos problemas que a tributação da poupança pode trazer ao setor. Para a ABMH (Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação), a idéia de cobrar imposto das cadernetas que possuem acima de R$ 50 mil pode fazer com que os grandes investidores saiam dessa aplicação, diminuindo os recursos disponíveis para os empréstimos.
Pela lei, 65% do dinheiro que é depositado na poupança deve ser direcionado ao financiamento imobiliário. "Isso atingiria especialmente quem pensa em comprar residências de maior valor", diz Lúcio de Queiroz Delfino, diretor da entidade. "Então, esse público teria que migrar do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e rumar para o SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário), que cobra taxas de juros mais altas, pois capta recursos com a venda de títulos no mercado financeiro."
Na opinião de Delfino, uma eventual escassez de fundos para o SFH só aconteceria a partir do segundo semestre, quando as regras das mudanças que o governo federal vai realizar nas poupanças e nos fundos de investimento já estiverem mais claras e os investidores passarem a fazer os cálculos para saber onde devem colocar o seu dinheiro.
Em 2008, segundo o Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) teve captação líquida de R$ 13,9 bilhões e aplicou R$ 30 bilhões em crédito imobiliário. "Caso o volume diminua, a busca de alternativas ao SBPE pode levar ao aquecimento do mercado secundário de crédito", avalia Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi, referindo-se ao SFI.
Mesmo quem ficar no SFH tende a enfrentar dificuldades em relação aos juros que paga no seu empréstimo. Como a poupança garante, para o investidor, rendimento mínimo de 6% ao ano, a taxa cobrada de quem toma esses recursos para comprar a casa própria também não pode ficar abaixo de tal nível.
Atualmente, a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, encontra-se em 10,25% ao ano -foi cortada em 3,5 pontos percentuais desde dezembro. Devido ao desaquecimento que a crise econômica mundial deve provocar no Brasil, espera-se que essa taxa de referência chegue ao final do ano ainda menor.
Todas as modalidades de crédito acompanham a trajetória da Selic. No caso do habitacional, entretanto, a redução tem o limite do rendimento da poupança. Esse é mais um motivo pelo qual o governo mais cedo ou mais tarde terá que mexer nesse retorno, afirmam especialistas.
Luiz Antonio França, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), diz que não existe o temor de uma fuga de recursos da poupança para outras aplicações. "É necessário levar em conta o perfil do investidor na caderneta: ele é fiel e gosta de estabilidade e do rendimento certo oferecido."
Segundo o executivo, os juros cobrados nos financiamentos habitacionais nunca tiveram uma relação muito próxima com a Selic. "Se não fosse assim, imagine a situação do mutuário nos tempos de taxa acima do patamar de 20% ao ano", afirma. "Daqui a alguns anos, quando o país tiver uma Selic em 4%, o sistema também terá mudado bastante, é claro."
Fonte: Folha de S. Paulo - SP