No Amazonas, construção sofre o impacto dos preços dos materiais
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O estado, duramente atingido pela Covid-19, é agora vítima do aumento dos insumos, que prejudica as obras do programa de habitação popular Casa Verde Amarela
24/11/2020 | 16:58 - Apesar do quadro dramático registrado nos primeiros meses da pandemia, principalmente na capital, Manaus, o setor da construção civil teve um ano positivo, de acordo com Frank Souza, presidente do Sinduscon-AM, em entrevista ao podcast do Portal AECweb. Os canteiros não pararam, assim como as vendas de imóveis, e medidas de segurança e proteção aos trabalhadores foram adotadas. “Pesquisa que realizamos, em maio e junho, mostra que houve apenas um óbito entre as equipes de obras das construtoras”, diz.
Nem mesmo o novo pico de contaminações ocorrido em outubro último, mais restrito às classes média e alta da capital, assustou os construtores como a falta de materiais e insumos e o forte aumento nos preços. “Esse aumento aconteceu em todo o Brasil. Porém, em Manaus, o problema é mais grave, pois entre 80 e 90% da produção imobiliária estão vinculadas ao programa federal Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa, Minha Vida. São contratos com valores fechados que, diante do novo quadro, precisam ser reajustados. Caso contrário, poderá reduzir o número de lançamentos”, alerta.
Souza elenca os aumentos verificados nos últimos meses: 100% nos preços dos tijolos cerâmicos, os mais empregados no Amazonas; até 60% nos valores do aço; cerca de 80% nas tubulações de PVC e do cimento. “Antes se comprava um saco de cimento por R$ 24. Hoje, custa entre R$ 44 e R$ 46”, conta, acrescentando que o consumidor final não consegue pagar esses preços. O Sinduscon-AM, representado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) tem tratado do problema junto a parlamentares, na busca de equilibrar os valores.
Segundo ele, ainda não é perceptível se os aumentos nos preços dos materiais reduziram o ritmo das obras do programa habitacional, principalmente voltado para as faixas 1,5 e 2. Mas, acredita que a repercussão ocorrerá em 2021. Por outro lado, há crescimento no número de lançamentos de projetos de habitação popular e de vendas. O valor de vendas apresenta crescimento de 20% nos três primeiros trimestres de 2020, comparado a igual período de 2019. “As vendas dos empreendimentos do segmento de médio padrão estão praticamente paradas”, afirma. O pior momento do contingente ocupado no setor foi em maio, com retomada a partir de junho e já apresentando resultados positivos.