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Novas estações do Metrô "invadem" paisagem urbana

Texto: Redação AECweb

Linhas verde e amarela projetam-se de forma ostensiva para fora do subterrâneo e causam forte impacto visual em São Paulo

25 de outubro de 2010 - Hoje, em um dia de sol, é impossível circular pela av. Vital Brasil (zona oeste de São Paulo) e ficar imune ao brilho cegante de uma enorme estrutura revestida em aço inox construída ali.

Não fosse o totem indicando que é a estação Butantã, da linha 4 - Amarela do metrô, o local poderia ser confundido com um centro comercial. Quatro, de seus oito pavimentos, são aparentes.

Projetadas para serem marcos na paisagem urbana, as novas estações das linhas verde e amarela projetam-se de forma ostensiva para fora do subterrâneo e causam forte impacto visual.

Também privilegiam a iluminação natural. As amplas cúpulas em estrutura metálica e vidro levam, em alguns casos, a luz do sol até a plataforma de embarque.

"Antes, as salas técnicas e operacionais ficavam enterradas. Os funcionários reclamavam de insalubridade, por isso projetamos para fora, com luz e ventilação naturais", afirma o chefe do departamento de projetos do Metrô, Ilvio Artioli.

Junto a isso, veio a economia. Segundo o Metrô, o consumo de eletricidade já caiu em 10%, o que deve trazer um ganho anual de cerca de R$ 200 mil por estação.

Banheirão

Na rua da Consolação, a estação Paulista, revestida com cerâmica azul e grades alaranjadas na fachada, ergue-se a uma altura de um edifício de quatro andares.

"Não era para ser tão alta", diz Artioli. Ele conta que a urgência na entrega da obra fez necessária a construção do edifício antes do fim das escavações. Para que os equipamentos circulassem, o pé-direito foi aumentado.

Para o arquiteto Milton Braga, do escritório MMBB, o revestimento usado na Paulista deixou a estação com um aspecto de banheiro.

"Não pode usar cerâmica como revestimento de uma estação de metrô. Este é o problema da obra pública no Brasil. Tudo é pensado em termos econômicos, aí se utiliza sempre o material mais barato", afirma.

Mas as cores e materiais chamativos não são por acaso, conta o arquiteto Marc Duve, cujo escritório detalhou as estações Luz, Faria Lima, Butantã, República, Sacomã e Chácara Klabin.

"Várias das estações antigas já eram para fora, mas, como nelas há uma predominância do concreto, "somem" na paisagem. Agora o Metrô quer chamar a atenção para essas estruturas."

Para o arquiteto João Walter Toscano, que projetou a estação Largo 13 da linha 5 -Lilás, a presença externa das estações de metrô, além de incentivar a revitalização, é adequada à cidade, que carece de espaços públicos.

"É muito diferente de Paris, que tem uma identidade arquitetônica consolidada. Lá não se justifica que o metrô interfira no desenho urbano", diz Toscano, que ressalta a falta de harmonia estética nas estações paulistanas.

"A estação Faria Lima eu achei horrível. Tem três volumes totalmente desintegrados da paisagem e não há nada ali que lembre uma estação de trem. O edifício tem que mostrar sua funcionalidade. Ou, então, que fique embaixo da terra."

Fonte: Folha de S. Paulo - SP

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