Novo teto do programa Minha Casa, Minha Vida tem benefício parcial
Conta é feita de trás para frente: a partir da renda familiar, chega-se ao valor do apartamento e do subsidio
07 de fevereiro de 2011 - Após conseguir o aumento do teto dos preços do Minha Casa, Minha Vida - que agora chegam a até R$ 170 mil - a construção civil aguarda uma segunda medida do governo: a ampliação da renda do comprador, que continua em R$ 4,9 mil, no máximo. Isso porque não houve uma correção proporcional da renda, nos casos em que o valor do imóvel passa de R$ 130 mil para R$ 150 mil ou R$ 170 mil (em todas as capitais e cidades acima de 1 milhão de habitantes). Da forma como foi feita, a extensão do teto - embora maior do que o previsto - pode ser pouco aproveitada em função da limitação da renda do comprador.
Para concessão do crédito, a conta é feita de trás para frente: a partir da renda familiar, chega-se ao valor do apartamento e do subsidio (caso se enquadre na faixa que conceda o benefício). Ou seja, não adianta o apartamento custar R$ 170 mil, porque o financiamento máximo passa pouco dos R$ 130 mil.
Uma simulação na calculadora da própria Caixa Econômica Federal, feita a pedido do Valor por uma empresa do setor, mostra que o limite máximo de prestação que é possível conseguir no Minha Casa, Minha Vida é de R$ 1,47 mil. Essa prestação, considerado prazo e taxa, permite aquisição de um imóvel de R$ 132,5 mil, ou seja, valor próximo aos R$ 130 mil anteriores.
O que pode e deve acontecer é que as empresas devem lançar imóveis na faixa de até R$ 140 mil e cobrar do comprador, em parcelas diretas, a diferença (o que já acontecia anteriormente). "Já é um avanço e possibilita a continuidade do programa", afirma Eduardo Gorayeb, presidente da Rodobens Negócios Imobiliários. "O programa vai continuar tendo outros ajustes, mas este já mostra que há sensibilidade do governo", diz Leonardo Correa, diretor de relações com investidores da MRV.
As empresas do setor começaram a mostrar um certo desânimo com o programa a partir de meados do ano passado por vários motivos: entre eles o preço máximo dos imóveis. Já há empresas indicando ao mercado que devem diminuir sua participação na baixa renda.
Com o aumento dos preços da matéria-prima e, principalmente, dos terrenos, as construtoras estavam com dificuldades de conseguir lançar dentro do Minha Casa, Minha Vida. Em São Paulo, Rio e Brasília, nas demais capitais e cidades com mais de 1 milhão de grandes cidades, o teto de R$ 130 mil era considerado inviável. O valor de R$ 170 mil, a princípio, é considerado muito mais viável, mas por esbarrar na limitação de renda, terá um beneficio reduzido. "O benefício é marginal acima dos R$ 130 mil e só poderá ter alcance maior à medida que se mexa no teto da renda", diz Correa.
O benefício será integral em dois casos: cidades entre 50 mil e 250 mil habitantes (cujo valor máximo passou de R$ 80 mil para R$ 100 mil) - e onde as grandes empresas não costumam atuar - e de 250 mil a 1 milhão de habitantes (nas quais o teto passa a R$ 130 mil). Já as cidades dessa proporção são alvo das maiores. Nesses casos, a renda permite um aumento da prestação e do valor do apartamento - o que faz com que a elevação do valor do imóvel possa ser aproveitada integralmente.
O aumento deve ajudar imóveis que "esbarravam" nos R$ 130 mil, ou seja, eram avaliados pela CEF em pouco mais do que isso e saíam do programa. Nesses casos, as empresas refaziam os projetos e os colocavam em um patamar mais elevado.
Fonte: Valor Econômico - SP