Obras estão mais caras no Distrito Federal
Em março último, o metro quadrado no Distrito Federal ficou em R$ 778,45, uma elevação de 0,45% em relação a fevereiro
26 de abril de 2010 - Edificar um imóvel ficou mais caro no Distrito Federal nos últimos 12 meses. O Custo Unitário Básico (CUB) da construção, variável medida mensalmente pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), registrou alta acumulada de 5,48% nesse período.
O indicador representa o custo médio para construir um metro quadrado, tomando por base uma cesta de produtos e os custos com pagamento de funcionários. Em março último, o CUB local ficou em R$ 778,45, com variação positiva de 0,45% frente a fevereiro.
A variação acumulada do CUB do Distrito Federal em 12 meses superou a inflação registrada pela construção civil em 2009. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aumentou 3,24% no período. O custo local para se construir também ficou acima da inflação geral, já que o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), outro indicador da FGV, teve oscilação positiva de 1,94% nos últimos 12 meses.
Frederico Corrêa, vice-presidente e diretor da Comissão de Economia e Estatística do Sinduscon-DF, diz que os dados evidenciam um mercado da construção civil aquecido no Distrito Federal. "A indústria está trabalhando em sua capacidade máxima. Obras públicas, empreendimentos privados e o mercado imobiliário estão sob forte demanda", afirma.
Corrêa diz que a forte procura que está sustentando o setor foi possível pelas muitas ações de incentivo direcionadas pelo governo federal à indústria da construção nos últimos meses. O diretor do Sinduscon-DF afirma que programas como o Minha Casa, Minha Vida, de incentivo à compra de imóveis populares por meio de facilidades de crédito, e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que liberou recursos para obras públicas em todo o país, tiveram forte impacto no mercado do DF, que sempre teve forte presença da construção civil. "Deve haver ainda mais aquecimento no futuro, já que o Setor Noroeste está passando por obras de infraestrutura e concentrará centenas de empreendimentos", prevê.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção do DF (Simac-DF), Cecin Sarkis, apesar de ter ficado acima da média nacional, a variação positiva do CUB local nos últimos meses não pesou em excesso no bolso dos compradores. Para Sarkis, a desoneração do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) incidente sobre os materiais de construção foi o principal motivo. "Alguns materiais aumentaram, mas a gente não sentiu uma disparada geral nas lojas. A redução na alíquota ajudou a segurar bastante os preços, o que balanceou o aquecimento do mercado", analisa.
Situação normal
A alta do Custo Unitário Básico da construção civil no último mês foi a terceira consecutiva do ano (veja quadro). Para o diretor da Comissão de Estatística do Sinduscon-DF, os aumentos podem ser considerados normais em um mercado tão aquecido. Frederico Corrêa explica que o CUB de maio deverá ter uma alta ainda mais substancial, já que a data-base dos trabalhadores do setor está sendo negociada no mês atual, e o impacto do reajuste deve ser sentido no próximo.
Além do aquecimento do mercado, questões conjunturais contribuíram para inflacionar o valor despendido para construir imóveis. Uma delas foi o preço do aço , material utilizado abundantemente na estrutura das obras e cujo valor vem traçando uma trajetória ascendente. "O custo do aço é regido por um número pequeno de empresas e fica-se na dependência delas. A Gerdau e a Belgo são as principais vendedoras.", relata Frederico Corrêa.
Apesar dos preços turbinados do mercado imobiliário do DF, especialmente para imóveis do Plano Piloto, o valor desembolsado para construir um metro quadrado em Brasília e região metropolitana não é o maior do país. No Rio de Janeiro, em março, o CUB ficou em R$ 916,10 por metro quadrado edificado. Em São Paulo, o Custo Unitário Básico ficou em R$ 859,22 por metro quadrado em março, e subiu 0,19% frente a fevereiro.
Fonte: Correio Braziliense - DF