Oito prédios ocupados na capital paulista correm risco de desabamento
Segundo o Secretário Municipal da Habitação de São Paulo, apesar dos esforços para desocupar essas estruturas, as pessoas demonstram muita resistência em deixá-las
O projeto de monitoramento de edifícios ocupados em risco de desabamento teve início há cinco anos, após o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandu (Foto: Nacho Doce/Reprodução)
06/03/2023 | 15:02 — Integrando os esforços de monitoramento de edifícios ocupados em risco de desabamento na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal da Habitação emitiu um comunicado solicitando a desocupação de oito edifícios com alicerces ameaçados na capital paulista.
"Esses oito prédios precisariam de uma desocupação imediata, porque estão com as estruturas condenadas", diz o secretário municipal da Habitação, João Farias. "Comunicamos as famílias, o Ministério Público e sugerimos aos moradores que deixassem os prédios, porque há um risco iminente."
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Entretanto, a iniciativa enfrenta adversidades. “As pessoas demonstram muita resistência em deixar os imóveis e não há amparo legal para tirá-las de suas moradias”, ele continua. “Uma parte significativa desses prédios do Centro é ocupada por movimentos organizados, e nesses a gente tem facilidade de diálogo e de controle (...) Mas algumas são mais fechadas, inclusive com suspeita de participação de facções criminosas, e nessas há muita dificuldade de entrar.”
O projeto de monitoramento de edifícios ocupados em risco de desabamento teve início há cinco anos, após o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandu, que desabou e deixou sete mortos, além de dois desaparecidos.
O episódio sinalizou a falta de segurança em ocupações do Centro paulistano, e, desde então, a prefeitura tem monitorado 49 edifícios ocupados. Eram 51, identificados na época da tragédia, mas dois foram desocupados: um na Rua do Carmo, na Sé — apelidado de Caveirão — e outro na Rua Alexandrino da Silveira Bueno, no Cambuci.
Em fevereiro deste ano, a prefeitura iniciou a remoção do entulho e os estudos no terreno onde o edifício Wilton Paes de Almeida se encontrava. O intuito é erguer um novo prédio no local, com 105 apartamentos, que será ocupado por famílias que vivem nas ruas. Segundo o secretário, as obras começam em março.
"O projeto executivo já está pronto e estou abrindo a licitação para contratar a construtora que vai fazer o edifício", afirma Farias. "No caso do Wilton Paes, vamos conseguir manter o gabarito antigo dele, que é de 14 andares."
A Prefeitura contou, ainda, que pretende adotar o mesmo modelo do edifício Mario de Andrade — na região da Bela Vista — na construção do Paissandu: o de um retrofit, que adaptará o prédio para abrigar famílias com renda inferior a três salários-mínimos e que trabalham na região central. O projeto recebe o acompanhamento da Secretaria Municipal de Assistência Social e do departamento social da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo).
Depois do desabamento do Wilton Paes de Almeida, a maioria das ocupações da região central expôs vulnerabilidades e deu um salto de segurança e de organização interna com a criação de brigadas de incêndio, instalação de hidrantes e extintores e um maior apoio de voluntários, que levam conhecimento técnico para os moradores.
É provável que o número de ocupações seja maior do que revela o mapeamento oficial por causa de ações mais recentes dos sem-teto.
Os endereços das ocupações que oferecem mais risco para a segurança de seus moradores saõ:
• Rua Harry Dannemberg, 698;
• Rua da Independência, 384, Cambuci;
• Av Vila Ema, 453, Vila Prudente;
• Av. São João, 104, Centro;
• Av. São João, 112/114, Centro;
• Al. Nothmann, 915, Campos Elíseos;
• Av. Celso Garcia, 804, Brás; e
• Rua Barão de Jaguara, Cambuci.